As eleições municipais e regionais deste domingo confirmaram a viragem à direita em Espanha, com a vitória do conservador Partido Popular (PP) na maioria das câmaras municipais e governos regionais em disputa, e o fracasso dos socialistas do PSOE a poucos meses das eleições gerais. O Partido Socialista de Espanha, de Pedro Sánchez, perdeu no domingo para os conservadores as eleições em cinco das nove regiões autónomas que governava.
Já o Partido Popular (PP, de direita) conquistou oito vitórias, duas delas com maioria absoluta, em Madrid e La Rioja. A imprensa espanhola descreve o resultado como um “descalabro” e um “desastre” para o partido do primeiro-ministro e como o PP “arrasou” com uma vitória “sem paliativos”.
A Espanha virou à direita nas eleições municipais e regionais deste domingo. O Partido Popular, de centro-direita, comandado por Alberto Nuñez Feijoó, vence em toda a linha, tanto na percentagem total de votos, como no número de mandatos nas câmaras municipais e governos regionais.
O PP venceu em sete das dez maiores cidades espanholas. Mantém quer o município quer o governo regional de Madrid e arrebata às forças de esquerda câmaras como as de Sevilha e Valência.
Com praticamente todos os votos apurados, o partido do Executivo espanhol mostrou a sua vulnerabilidade eleitoral antes das eleições gerais, tendo perdido para os conservadores de direita da oposição. Só três das 12 regiões que foram a eleições vão manter o domínio socialista, e ainda assim por pouca diferença. A restante maioria elegeu o PP ou coligações e acordos informais com o partido de extrema-direita Vox.
Às 23h30 locais de domingo, com mais de 98 por cento dos votos autárquicos apurados, o PP tinha já conseguido 31,5 por cento dos votos e conquistado 23.248 deputados, enquanto o PSOE tinha obtido 28,1 por cento dos votos e conquistado 20.676 deputados.
Para o PSOE, partido socialista do primeiro-ministro Pedro Sánchez, estes resultados são um balde de água fria, com os espanhóis a demonstrarem nas urnas o descontentamento para com o atual governo.
Se o partido centrista Ciudadanos praticamente desaparece do mapa político, já o VOX, de extrema-direita, conseguiu triplicar o número de mandatos e pode ser fundamental para o PP formar coligações nos governos regionais de Aragão, Ilhas Baleares e Comunidade Valenciana.
Há possibilidade de haver uma aliança pós-eleitoral entre PP e Vox, que levará a direita ao poder da Estremadura e tirará também aos socialistas o governo desta comunidade autónoma.
O PSOE, à frente do Governo nacional desde 2018, liderava os executivos regionais de nove autonomias e perderam em quatro – Aragão, Baleares, Comunidade Valenciana e La Rioja -, mantendo outras quatro – Astúrias, Canárias, Castela La Mancha e Navarra. Já na Estremadura, quando estavam contados 97 por cento dos votos, o PSOE era o partido mais votado, mas elegia o mesmo número de deputados do que o PP.
O PP ganhou ainda na Cantábria, região que era governada pelo Partido Regionalista da Cantábria, com o apoio do PSOE. Assim, o PP poderá ficar a governar oito regiões, a que se juntam a Andaluzia e Castela e Leão, que anteciparam para 2022 as eleições e que o Partido Popular também ganhou.
Recorde-se que o PP só governava duas das regiões que no domingo foram a votos (Madrid e Múrcia, que manteve).
O mapa regional e autárquico de Espanha deixou de ser dominado pelos socialistas com as eleições regionais e locais de domingo, que o PP ganhou, reivindicando o início de um “novo ciclo político” no país.
Estas eleições regionais foram a primeira ida a votos este ano em Espanha, que tem também legislativas nacionais previstas para dezembro, no final de uma legislatura marcada pela primeira coligação governamental no país, entre o PSOE e a plataforma de extrema-esquerda Unidas Podemos. Os resultados de domingo estão a ser vistos como um prenúncio das legislativas de dezembro.