As salas de cinema em Portugal voltaram a encher-se em abril, ultrapassando pela primeira vez desde a pandemia a barreira de um milhão de espectadores num só mês. De acordo com dados divulgados pelo Instituto do Cinema e do Audiovisual (ICA), abril registou 1.006.263 entradas, o que representa um aumento expressivo de 58% em relação ao mesmo mês de 2024
Esta recuperação da afluência ao cinema refletiu-se também nas receitas de bilheteira. Em abril, as idas ao cinema renderam 6,3 milhões de euros, traduzindo um crescimento de 62% face ao período homólogo. É o valor mais elevado para um mês de abril desde 2019, ano anterior à crise pandémica, quando se contabilizaram mais de 1,5 milhões de bilhetes vendidos.
O sucesso de abril não se limitou ao mês em si. No acumulado dos primeiros quatro meses do ano, os cinemas portugueses somaram 3,6 milhões de espectadores e 23 milhões de euros em receitas de bilheteira. Estes números representam um crescimento de 9,6% no número de entradas e de 12% em receitas, em comparação com o primeiro quadrimestre de 2024.
Entre os principais motores deste crescimento está o filme “Um Filme Minecraft”, realizado por Jared Hess, que estreou a 3 de abril e rapidamente se tornou o mais visto do mês e do ano até ao momento. A longa-metragem atraiu 433.624 espectadores e gerou 2,7 milhões de euros de bilheteira.
No panorama nacional, “On Falling”, de Laura Carreira, lidera entre os filmes portugueses mais vistos em 2025, com 11.493 entradas e uma receita próxima dos 70 mil euros. Apesar deste destaque, o cinema português continua a enfrentar grandes desafios no mercado interno. Até ao momento, foi visto por apenas 36.610 espectadores, o que representa uma quota de mercado de 1%, com uma receita de 170.667 euros (0,7% da quota total).
Estes dados reforçam a tendência de recuperação e dinamização do setor da exibição cinematográfica, impulsionado por estreias internacionais com forte apelo junto do público jovem e familiar. A retoma da confiança dos espectadores e o regresso em massa às salas demonstram uma clara vontade de voltar a viver o cinema como experiência coletiva.