Walter Rosenkranz, 62 anos, figura de destaque do Partido da Liberdade da Áustria (FPÖ), foi eleito esta quinta-feira presidente do Parlamento austríaco, numa votação marcada por forte contestação. Com 100 votos em 162, Rosenkranz torna-se o primeiro membro da extrema-direita a ocupar este cargo, levantando preocupações tanto a nível nacional como internacional. A comunidade judaica foi uma das principais vozes críticas, acusando Rosenkranz de prestar homenagem a figuras ligadas ao regime nazi, algo que o próprio nega veementemente.
A eleição de Rosenkranz é consequência direta da vitória do FPÖ nas eleições legislativas de setembro, onde o partido de extrema-direita obteve 28,8% dos votos, assegurando assim o direito de indicar o presidente do Parlamento. O Partido Popular Austríaco (ÖVP), de tendência conservadora, apoiou a candidatura, justificando a escolha com base em “tradições democráticas”, apesar das reservas manifestadas por vários deputados. Entre as críticas, destaca-se o apelo ao antifascismo por parte de opositores, que recusaram votar num político identificado com uma linha cada vez mais radical e eurocética.
O impacto desta decisão foi amplamente criticado por diversas organizações, incluindo a comunidade judaica de Viena, cujo representante, Oskar Deutsch, classificou a eleição de Rosenkranz como uma afronta aos sobreviventes do Holocausto, dado o seu envolvimento com a organização “Libertas”, associada a políticas antissemitas no passado. Os Verdes, por sua vez, denunciaram o que consideram ser “um sinal desastroso” para o futuro da Áustria e da Europa.
Rosenkranz, apesar das acusações, defendeu-se, afirmando que muitas das informações divulgadas contra ele são retiradas de contextos antigos ou erróneos. No entanto, a sua ascensão a um dos cargos mais altos da nação suscita grandes divisões políticas e sociais, especialmente num país que, nas últimas décadas, tem lutado com o legado do seu passado associado ao nazismo.
Enquanto se instala a controvérsia sobre a eleição parlamentar, o Presidente da Áustria, Alexander van der Bellen, procura uma solução governativa estável, tendo incumbido o chanceler cessante, Karl Nehammer, líder do ÖVP, de negociar um acordo com os social-democratas para formar governo, evitando uma aliança com o FPÖ. Esta complexa negociação política reflete a crescente polarização da sociedade austríaca, que enfrenta agora desafios profundos no seu cenário político interno.