No alvorecer de 2025, Mark Zuckerberg, num gesto de audácia incomparável, decidiu que a moderação de conteúdo nas plataformas da Meta seria coisa do passado. Afinal, por que haveria uma empresa de se preocupar com o que os seus utilizadores publicam? A nova abordagem brilhante propõe que apenas conteúdos flagrantemente ilegais, como terrorismo ou exploração infantil, sejam alvo de moderação automatizada. Para todo o resto, confia-se piamente na comunidade de utilizadores para denunciar o que considerarem impróprio.
Esta mudança, justificada sob o nobre pretexto de proteger a liberdade de expressão, ignora convenientemente os riscos associados. Especialistas alertam que a redução da moderação activa pode abrir as portas para uma enxurrada de desinformação e discursos de ódio. Mas quem precisa de especialistas quando se tem uma comunidade vigilante pronta a denunciar?
A decisão da Meta não surge isolada. Numa época em que líderes mundiais clamam por menos regulação e mais “liberdade”, as plataformas digitais parecem alinhar-se com este pensamento progressista. Afinal, se algo pode ser dito na televisão ou no parlamento, por que não nas redes sociais? Esqueçamos que contextos diferentes exigem abordagens diferentes.
A aposta na auto-regulação p’los utilizadores é, sem dúvida, uma estratégia inovadora. Transformar cada utilizador num potencial moderador garante uma experiência online mais democrática. Ou talvez apenas sobrecarregue os utilizadores com a responsabilidade de filtrar conteúdos prejudiciais, enquanto as plataformas lavam as mãos. Ou a criar bufos.
E não nos esqueçamos das “Notas da Comunidade”, inspiradas no modelo do X (antigo Twitter). Porque nada diz “confiável” como informações adicionadas por utilizadores anónimos na internet. Afinal, a sabedoria das multidões nunca falha, certo?
Enquanto isso, os grupos minoritários podem regozijar-se com a nova política da Meta que permite “alegações de doença mental ou anormalidade quando baseadas em género ou orientação sexual”. Uma vitória para a liberdade de expressão e um retrocesso de décadas na luta por direitos iguais.
Mas não temam, utilizadores! Com menos moderação, teremos mais oportunidades para debates acalorados, teorias da conspiração e, quem sabe, até reencontrar aquele primo distante que adora partilhar notícias duvidosas. Afinal, o que é a verdade senão uma construção social?
Em suma, 2025 promete ser um ano emocionante nas redes sociais. Com menos moderação e mais “liberdade”, estamos prestes a descobrir até onde vai a criatividade humana quando não há limites. Preparem-se para uma montanha-russa de emoções, porque o espectáculo está apenas a começar.