Fesap alerta para possível aumento de tensões se Governo não negociar com sindicatos. O presidente da Federação de Sindicatos da Administração Pública (Fesap) fez um apelo ao Governo para que esteja aberto a receber os sindicatos nos próximos dias, advertindo que, caso contrário, o verão poderá ser marcado por um aumento significativo de protestos e conflitos sindicais.
José Abraão, líder da Fesap, expressou profunda preocupação e destacou que, se não houver progressos em breve, é provável que ocorram manifestações e confrontos sindicais durante os meses mais quentes. Observou que estamos praticamente no final de maio e que, até agora, algumas carreiras, como a dos trabalhadores da reinserção social, ainda não viram qualquer sinal de revisão.
A Fesap solicitou reuniões com 10 ministérios há pelo menos duas semanas, mas até agora apenas uma está agendada, com o Secretário de Estado das Autarquias, para terça-feira. Ministérios como o da Saúde e da Justiça ainda não marcaram reuniões, embora tenham respondido à Fesap, ao contrário dos restantes.
Abraão criticou o que percebe como desrespeito pelas organizações sindicais e pelos trabalhadores, argumentando que o governo teve tempo para com as ordens profissionais, mas não para com as negociações coletivas, algo que a Fesap e o Sintap reivindicam.
Ele instou o Governo a ouvir os sindicatos nos próximos dias e a estabelecer um compromisso negocial. Caso contrário, advertiu que não faltarão dias em que os trabalhadores pressionarão para que as suas preocupações sejam ouvidas, podendo isso resultar em consequências.
Embora reconheça que o novo governo está em funções há pouco tempo, Abraão salientou que algumas das reivindicações dos trabalhadores têm sido ignoradas por muito tempo, alimentando assim a crescente insatisfação.
A Fesap destaca entre as suas reivindicações a necessidade de agilizar a progressão remuneratória decorrente da revisão do sistema de avaliação, para que entre em vigor em janeiro de 2025, bem como a negociação das carreiras não revistas de inspetores do Trabalho, da Segurança Social e das Pescas, guardas prisionais e técnicos superiores da saúde, entre outros.
A federação insiste ainda na reposição dos 25 dias de férias, na revisão do valor das ajudas de custo e defende uma redução do Imposto sobre o Rendimento de Pessoas Singulares (IRS) que abranja todos os trabalhadores, não apenas os de rendimentos mais elevados.
Abraão também expressou preocupação com o facto de a administração pública estar agora sob a alçada de vários ministérios, exigindo assim uma maior capacidade de coordenação política e negocial por parte do Governo.