A Finlândia vai tornar-se hoje um Estado-membro da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO).
O Secretário-geral da organização Jens Stoltenberg salienta que a Finlândia é “o único” país da UE que não desinvestiu em Defesa e que, “até agora, este foi o processo de adesão mais rápido na história moderna da NATO”.
“A Finlândia trará para a aliança forças militares substanciais, bem treinadas, bem equipadas, com grande exército de reserva e também está agora a investir em novas aeronaves modernas avançadas de quinta geração F35, [são] mais de 60”, sublinhou, acrescentando que “isto também é bom para a Suécia”, na medida em que a entrada da Finlândia “torna a Suécia ainda mais integrada na NATO e ainda mais segura, sendo a Finlândia um vizinho próximo também como membro”.
A entrada da Finlândia já foi aprovada pelos 30 membros da NATO. Para hoje à tarde, pelas 14H30 (hora de Lisboa), está agendada uma cerimónia para assinalar o 74º aniversário da NATO, momento que fica marcado por ser a primeira vez que a bandeira da Finlândia vai ser hasteada. O presidente da Finlândia, Sauli Niinistö, vai viajar para Bruxelas para assistir à cerimónia oficial de adesão na sede da organização.
A Turquia entregará ao secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, no quartel-general da NATO em Bruxelas, a sua carta de aceitação sobre o acesso da Finlândia. De seguida, o secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, formalizará o processo. Os Estados Unidos são o depositário da NATO, de acordo com o tratado de fundação da Aliança em 1949.
A cerimónia acaba por frustrar a expectativa de que Finlândia e Suécia – que há menos de um ano, a 18 de maio de 2022, formalizaram as suas candidaturas -, pudessem aderir em simultâneo.
Porém, as divergências com Ancara, relativamente à extradição de membros curdos suspeitos de terrorismo na Turquia que se encontram exilados na Suécia, têm colocado entraves à conclusão das formalidades, que já tinham obtido aval político de todos os membros na cimeira de Madrid, no verão de 2022.
O secretário-geral da NATO admite que “as preocupações de Ancara” em matéria de segurança “são legítimas”, mas espera que o diferendo seja ultrapassado o mais rapidamente possível, para a entrada de um novo membro na aliança, admitindo que tal possa vir a acontecer antes da cimeira de Vilnius, marcada para julho.
A Finlândia partilha uma fronteira de 1.340 quilómetros com a Rússia e a sua adesão vai mais que duplicar a extensão da fronteira da NATO com a Rússia. Após a invasão russa à Ucrânia, o governo finlandês decidiu aumentar em dois mil milhões de euros o seu orçamento para Defesa, que era até agora de 2,8 mil milhões de euros.
A Finlândia tem um exército regular de 280.000 soldados, aptos para combate, para além de 600.000 reservistas, num território que tem apenas 5,5 milhões de habitantes; o exército profissionalizado conta com 13.000 soldados.
O Exército finlandês conta com três brigadas de resposta rápida, duas brigadas e um batalhão Jaeger (forças especiais); dois grupos de batalha mecanizados; seis brigadas de infantaria; 14 batalhões independentes; 28 forças territoriais.
A Marinha finlandesa conta com dois grupos de frota de batalha; três grupos de batalha costeira; um grupo de batalha Jaeger (forças especiais).
A Força Aérea finlandesa inclui três esquadrões de batalha e quatro bases operacionais.
Neste momento, a Finlândia dispõe de um arsenal militar que inclui 239 tanques de guerra, 60 mísseis ar-terra, 2.685 lança mísseis antitanque e 62 aviões de caça, para além de cerca de 400.000 armas de assalto.
A entrada oficial da Finlândia na NATO coincide com uma viragem do Governo finlandês, que assistiu à vitória dos conservadores e extrema-direita nas legislativas do passado domingo. Os dois principais partidos da oposição na Finlândia, o conservador Kokoomus e os Verdadeiros Finlandeses, de extrema-direita, venceram as eleições legislativas derrotando a primeira-ministra social-democrata Sanna Marin.
O partido conservador liderado por Petteri Orpo, até agora a terceira maior força política do país nórdico, obteve 20,8 por cento dos votos e 48 dos 200 lugares na Eduskunta (Parlamento), mais dez do que nas eleições anteriores.
Um avanço que, mais uma vez, faz dos conservadores o maior partido da Finlândia, 12 anos depois, e vai permitir a Orpo liderar as negociações para formar o próximo executivo de coligação.
Os Verdadeiros Finlandeses, liderados por Riikka Purra, conquistaram 20,1 por cento dos votos e 46 lugares, mais sete do que nas últimas eleições.
Os social-democratas da primeira-ministra Sanna Marin obtiveram 19,9 por cento. Até então o maior partido, o SPD ficou em terceiro lugar, com 43 deputados, ou seja, mais três lugares e 2,2 por cento dos votos, que permitem ser considerado como um possível parceiro no próximo governo de coligação.
Com os três principais partidos a obterem perto de 20 por cento dos votos, nenhum conseguirá formar governo sozinho. Vinte e duas formações políticas disputavam os 200 assentos no Parlamento do país nórdico.