O Fundo Monetário Internacional (FMI) emitiu esta terça-feira um alerta severo sobre a evolução da conjuntura económica global, afirmando que os riscos para a estabilidade financeira mundial “aumentaram significativamente”. No seu mais recente Relatório sobre a Estabilidade Financeira Mundial, a instituição aponta a elevada volatilidade nos mercados financeiros como um fator central para esta deterioração, desencadeada por sucessivos anúncios de tarifas por parte dos Estados Unidos desde fevereiro.
Segundo o FMI, essa instabilidade intensificou-se após a divulgação, a 2 de abril, de novos planos norte-americanos para a imposição de tarifas mais elevadas do que o inicialmente previsto, o que levou a uma forte reavaliação dos ativos de risco. A resposta internacional a estas medidas contribuiu para um agravamento das incertezas e originou um clima de tensão acrescida nos mercados de ações, divisas e obrigações.
O relatório identifica três vulnerabilidades principais que sustentam este cenário de risco crescente:
Valorizações excessivas em segmentos chave dos mercados bolsistas e de dívida empresarial, que poderão sofrer correções adicionais caso o contexto económico se deteriore.
Pressão sobre instituições financeiras, sobretudo aquelas com elevados níveis de alavancagem, que se encontram mais expostas aos choques provocados por mercados voláteis.
Turbulência nos mercados de dívida soberana, especialmente nos países com níveis elevados de endividamento público, onde a confiança dos investidores poderá diminuir ainda mais.
O FMI sublinha que estas vulnerabilidades poderão ter impactos profundos nos mercados emergentes, já que estes são frequentemente mais sensíveis a alterações nas condições financeiras globais.
A instituição destaca também que o aumento da incerteza política poderá afetar a confiança das empresas e das famílias, o que poderá traduzir-se numa retração da atividade económica em diversas regiões, incluindo a zona euro, onde se antecipa uma desaceleração do crescimento e uma possível estagnação da economia alemã.
Face a este panorama, o Fundo defende a implementação urgente de medidas coordenadas para mitigar os riscos sistémicos. Entre as recomendações, incluem-se políticas de reforço das infraestruturas de mercado, maior vigilância prudencial, regulamentação mais robusta das instituições financeiras, além da disponibilização de mecanismos de liquidez de emergência e instrumentos de resolução de crises.
O FMI conclui que a preparação para eventuais choques e a redução das vulnerabilidades financeiras são essenciais para preservar a estabilidade global. Lembra ainda que a experiência histórica mostra que as crises financeiras geram custos macroeconómicos profundos e prolongados, sendo por isso vital agir de forma preventiva.