PoSAT-2 e Prometheus-1: Um marco para a ciência e tecnologia em Portugal. Na tarde de ontem, 14 de janeiro, às 18h48 (hora de Lisboa), o foguetão Falcon 9, da SpaceX, partiu da base espacial de Vandenberg, na Califórnia, com dois satélites portugueses a bordo: o PoSAT-2, desenvolvido pela LusoSpace, e o Prometheus-1, da Universidade do Minho. Este lançamento representa um marco importante na evolução do setor espacial português
PoSAT-2: Tecnologia para monitorizar o tráfego marítimo
O PoSAT-2 é o primeiro de uma constelação de 12 microssatélites dedicados à monitorização do tráfego marítimo. Totalmente construído nas instalações da LusoSpace, em Lisboa, o satélite deveria ter sido lançado em outubro do ano passado, mas enfrentou atrasos devido a um problema técnico em um dos lançadores da SpaceX.
Com um custo de cerca de um milhão de euros, o PoSAT-2 está equipado para receber dados sobre a localização de navios e oferecer um sistema avançado de comunicação. Essa tecnologia permitirá que embarcações no meio do oceano recebam alertas de mau tempo, possíveis ameaças de pirataria e enviem mensagens de socorro. Posicionado numa órbita baixa, a cerca de 500 km da Terra, o PoSAT-2 ficará acima da Estação Espacial Internacional.
O nome do satélite é uma homenagem ao PoSAT-1, o primeiro satélite português lançado em 1993. A constelação completa de 12 microssatélites, que tem um custo total de 20 milhões de euros, deve ser concluída ainda este ano, com financiamento parcial do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) no âmbito da “Agenda New Space Portugal”. O objetivo é posicionar Portugal como um ator relevante no mercado global de tecnologia espacial, desenvolvendo produtos e serviços inovadores e tecnologicamente avançados.
Prometheus-1: Educação e inovação espacial
Já o Prometheus-1, desenvolvido pela Universidade do Minho, é um nanossatélite com fins pedagógicos. Pesando apenas 250 gramas e com cinco centímetros de lado, o satélite é um laboratório tecnológico em miniatura. Equipado com sistemas de gestão de bateria e orientação, microcontroladores e uma câmara semelhante às de telemóveis, o Prometheus-1 será usado em atividades educativas e científicas.
Este projeto, financiado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT) no âmbito do Programa CMU Portugal, é fruto de uma colaboração entre a Universidade do Minho, a Universidade de Carnegie Mellon (EUA) e o Instituto Superior Técnico. Inspirado no titã grego Prometeu, o nome simboliza o avanço do conhecimento.
Além de marcar o 50.º aniversário da Universidade do Minho, o satélite reflete a estratégia da instituição para integrar a exploração espacial no ensino e na investigação. Alunos de Engenharia Aeroespacial têm usado o Prometheus-1 como caso de estudo em disciplinas como validação de plataformas, licenciamento e recolha de dados.
Portugal no mapa da exploração espacial
Com o PoSAT-2 e o Prometheus-1, Portugal dá mais um passo na consolidação de sua presença no setor aeroespacial. Estes dois satélites, agora em órbita, juntam-se ao legado de projetos anteriores como o PoSAT-1 (1993), ISTSat-1 e Aeros MH-1 (2024), sublinhando o potencial do país para contribuir significativamente com inovação tecnológica e ciência no espaço.
O futuro promete, com mais lançamentos previstos e uma crescente colaboração entre o setor público, privado e académico. Portugal está definitivamente entre as nações que olham para o céu como o limite para a ciência, a educação e o desenvolvimento tecnológico.