A França enfrenta uma crise política e orçamental que pode provocar graves consequências económicas e sociais, com o iminente colapso do Governo minoritário de centro-direita liderado por Michel Barnier. A extrema-direita anunciou que votará a favor da moção de censura sobre questões orçamentais, e, com o apoio da esquerda, isso pode significar o fim do executivo de Barnier, formado a 21 de setembro, após semanas de tensão política.
Se o Governo cair, a Constituição francesa prevê que o Presidente Emmanuel Macron terá de nomear um novo primeiro-ministro. Contudo, a situação é complicada, pois o Parlamento está altamente polarizado, com três grandes blocos — esquerda, centro-direita e extrema-direita — que não conseguem encontrar consensos. A opção de Macron poderá ser reconduzir Barnier, que já manifestou disposição para fazer concessões, ou nomear outra figura, como o ex-primeiro-ministro Bernard Cazeneuve, embora este seja um nome controverso.
A queda do Governo pode agravar ainda mais a crise orçamental do país, que já enfrenta um endividamento elevado e uma pressão crescente por parte dos mercados financeiros. A aprovação de medidas orçamentais para 2025 torna-se uma prioridade, mas, devido à instabilidade política, o processo pode ser adiado ou encurtado, com a possibilidade de recorrer a despachos presidenciais para aprovar o orçamento. Contudo, esta solução levanta questões jurídicas complexas e pode não ser suficiente para garantir a estabilidade financeira.
Além disso, a incerteza política aumentaria a pressão sobre a confiança dos investidores. A classificação de risco de França, atualmente em ‘AA-’, poderia ser revista negativamente, o que resultaria numa subida das taxas de juro e num agravamento do custo da dívida pública, em especial em comparação com países como Portugal e Espanha. A situação coloca em risco a credibilidade económica do país, com impactos diretos nas suas finanças e na confiança dos mercados.
Enquanto isso, Macron segue com a sua visita à Arábia Saudita, um momento importante para fortalecer os laços económicos e estratégicos com a região. No entanto, a instabilidade política interna pode afetar a imagem externa de França e as suas relações internacionais. O futuro próximo é incerto, e o país pode enfrentar semanas de intensas turbulências políticas e financeiras.