A Junta de Freguesia de Beringel, situada no concelho de Beja, descobriu 150 atestados de residência falsos, todos requeridos por imigrantes, e apresentou uma queixa formal ao Ministério Público. Esta situação forçou a suspensão temporária da emissão destes documentos. A fraude foi detetada numa ação de fiscalização conjunta da autarquia e da GNR, no passado sábado.
O alerta surgiu após um volume anormal de pedidos de atestados: cerca de 170 requerimentos para apenas seis habitações. Além disso, as testemunhas dos requerimentos eram sempre as mesmas, levantando suspeitas de irregularidades. Face a esta situação, o presidente da Junta de Freguesia de Beringel, Vítor Besugo, pediu a colaboração da GNR e iniciou uma fiscalização nas moradas em questão, que acabou por confirmar as suspeitas.
“Constatámos que as pessoas mencionadas nos atestados não residiam nas habitações indicadas e encontrámos imigrantes que garantiram ser os únicos habitantes desses imóveis”, revelou o autarca. Segundo Besugo, estas moradas estavam a ser utilizadas para falsos testemunhos na emissão de atestados de residência. A situação foi prontamente denunciada ao Ministério Público, com o autarca a sublinhar a necessidade de punição para os responsáveis. Enquanto a investigação decorre, a junta suspendeu a emissão de novos atestados de residência.
O presidente da junta manifestou ainda a sua expectativa de que seja aberta uma investigação e garantiu total disponibilidade para colaborar, afirmando que todos os dados dos requerentes e testemunhas estão registados na autarquia. Besugo aproveitou para criticar a falta de ação relativamente às alterações à Lei da Imigração, apesar dos alertas feitos pelo anterior governo.
Antes do aumento da imigração, a freguesia emitia cerca de 60 atestados por ano, um número que subiu para 500 no ano passado e já atinge os 600 este ano, numa localidade com apenas 1.200 habitantes, segundo o autarca.