João Galamba foi ouvido esta quinta-feira na Comissão Parlamentar de Inquérito sobre a TAP, e explicou que demitiu o adjunto Frederico Pinheiro, por ele ter tido “comportamentos estranhos e incompatíveis com as pessoas do gabinete do Ministério das Infraestruturas. Galamba insinuou que Frederico Pinheiro agia de forma suspeita com idas ao ministério à noite, fazer fotocópias. E, sendo um cargo de confiança política, Galamba afirmou: “ele mentiu-me”.
O Ministério Público confirmou ter em curso uma investigação aos acontecimentos do final de abril, nas instalações do Ministério das Infraestruturas, que envolveram membros do gabinete de João Galamba e Frederico Pinheiro, o adjunto demitido. “Este inquérito é dirigido pelo DIAP -Departamento de Investigação e Ação Penal e Regional de Lisboa – e encontra-se em segredo de justiça”, indicou a Procuradoria-Geral da República, em resposta citada pela agência Lusa.
E na audição na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), o ministro das Infraestruturas, escudou-se neste anúncio do Ministério Publico, quando questionado sobre a matéria. ” . “Essa matéria está a ser tratada pelas autoridades competentes e espero que seja tudo apurado. Já foram feitos relatos, há exames médicos, portanto as autoridades farão o seu trabalho”, disse João Galamba.
No entanto, respondendo às questões dos deputados da CPI, disse que despediu Frederico Pinheiro “devido a comportamentos incompatíveis com as pessoas do gabinete, porque desobedeceu as instruções, mentiu a colegas. mentiu-me a mim”.
Por quê demitiu o adjunto?
E referiu alguns “comportamentos estranhos e bizarros” que até agora não tinha falado e que levaram o ministro a perder a confiança num elemento do gabinete que tem um cargo que é de confiança. “Chegou ao meu conhecimento que Frederico Pinheiro ia ao ministério a horas impróprias e de andar a tirar cópias, e muitas, não se sabe bem porquê”, revelou Galamba. “Espero que as perícias da Polícia Judiciárias ajudem a explicar”, salientou. Sobre o computador que suscitou o conflito no gabinete, João Galamba questiona: “o que leva uma pessoa que acabou de ser exonerado, ir, desesperadamente, ao gabinete para levar o computador?”
João Galamba negou ter ameaçado Frederico Pinheiro durante o telefonema em que o demitiu. Mas, disse que o ex-adjunto estava muito exaltado. “Ele é que me ameaçou e não foi pouco”, afirmou.
Sobre os factos que ocorreram no gabinete, como não estava presente, Galamba, remeteu-se nas declarações da chefe de gabinete, Eugénia Correia.
“Aquilo que não me sai da cabeça o telefonema da minha chefe de gabinete, que acho que estava a chorar e que disse que levou pancada”.
Depois esclareceu que ligou ao Ministro da Administração Interna para pedir o contato do diretor Nacional da PSP, a quem contou o que lhe tina sido reportado. Mais tarde, ligou à Ministra da Justiça também para pedir o contato do Diretor da PJ.
“Não me recordo se falei do SIS ou do SIRP”, disse João Galamba.
Reuniões com a ex-CEO da TAP
“Eu não menti ao país. O comunicado era 100% válido. O que disse no comunicado mantém-se válido. A reunião foi normal. Tal como outras reuniões em que o senhor deputado participou. Estas reuniões são normais. Sempre aconteceram”, garantiu Galamba.
“Eu fui informado da vontade da senhora Christine ex-CEO em participar na reunião. Que me pergunta, ou melhor, transmite ao meu ex-adjunto que desejava participar na reunião. E foi-me perguntado, foi-me dito que ela desejava participar na reunião e eu disse que sim”, acrescenta.
“Entendo ter cumprido o meu dever ao aceitar essa reunião. Entendo ter falhado com o meu dever se não tivesse acedido ao pedido urgente da CEO da TAP”, afirmou várias vezes João Galamba.
Presidente da Comissão de Vencimentos da TAP demitiu-se esta quinta-feira
O presidente da comissão de vencimentos da TAP, Tiago Aires Mateus, apresentou esta quinta-feira a demissão,
Em causa está a discordância com a proposta para o salário do novo presidente executivo (CEO) da transportadora aérea, Luís Rodrigues.
Tiago Aires Mateus terá sido pressionado pelo Ministério das Infraestruturas para alterar o parecer que fixa o vencimento de Luís Rodrigues em 420 mil euros brutos por ano, sem direito a prémios, valor que terá sido calculado a partir do ordenado que Fernando Pinto enquanto líder da TAP no período em que o Estado era o único acionista.
Contudo, o ex-CEO da SATA apenas terá aceite o convite para suceder a Christine Ourmières-Widener com a condição de receber o mesmo salário que a antecessora (que recebia 404 mil euros anuais, um subsídio de residência de 30 mil euros e outros benefícios sociais), embora sem direito a bónus e prémios de desempenho.
Na comissão de inquérito, o ministro João Galamba foi questionado sobre o assunto, mas disse não ter ainda muita informação sobre a demissão. Contudo, negou que tenha exercido qualquer pressão sobre o presidente da Comissão de Vencimentos da TAP. “Eu nem sabia que tinha havido esse parecer da comissão de vencimentos”, disse Galamba.