É mais um episódio do caso TAP no Ministério das Infraestruturas. João Galamba demite o adjunto e acusam-se mutuamente de mentir. Uma semana que acaba com agressões, polícia no ministério e Galamba em risco de cair. A oposição já pede a demissão do ministro que sucedeu a Pedro Nuno Santos.
O ministro João Galamba demitiu o seu adjunto Frederico Pinheiro por causa dos apontamentos que ele tirou na reunião secreta do deputados do PS com a CEO da TAP, onde combinaram as perguntas e respostas para a Comissão de Inquérito Parlamentar (CIP). Frederico Pinheiro afirma que Galamba queria omitir a informação à CIP. Galamba nega e acusa o adjunto de ter recusado entregar as notas que tirou nas reuniões secretas. Pelo meio houve fugas de informação da troca de e-mails entre os dois.
A semana acabou com agressões e polícia no ministério de Galamba, quando o adjunto demitido foi buscar haveres pessoais e levou dois computadores que já devolveu.
Frederico Pinheiro faz acusações graves ao ministro das Infraestruturas: João Galamba mentiu e pediu que mentissem no caso TAP. Em causa está a participação do agora ex-adjunto do ministro das Infraestruturas nas reuniões entre Ministério, ex-CEO da TAP e grupo parlamentar do PS (GPPS). Reuniões que levantam suspeitas de que as perguntas e resposta foram combinadas nas vésperas da ex-CEO depor ao na Comissão de Inquérito Parlamentar.
O ex-adjunto, que acusou o Ministério das Infraestruturas de ter pedido que fossem ocultadas da CPI da TAP as notas que terão sido tiradas na reunião preparatória com a ex-CEO da TAP, Christine Ourmières-Widener.
Em comunicado, Frederico Pinheiro, afirma que “tinham sido articuladas perguntas a serem efetuadas pelo GPPS”, tendo também sido referidas as respostas e as estratégias de comunicação à CEO da TAP. O comunicado foi primeiro enviado à CNN Portugal e posteriormente a outros órgãos de comunicação social, acrescido já de esclarecimentos sobre a confusão no ministério das Infraestruturas, está sexta-feira, já depois de ter sido demitido por Galamba.
O ex-braço direito de João Galamba acrescenta depois que foram tomadas notas da reunião preparatória, as quais foram registadas no computador. Notas que “resumiam o que tinha sido abordado em ambas as reuniões”. Os responsáveis acordaram que, em caso de requerimento pela comissão parlamentar de inquérito, as referidas notas não seriam partilhadas por serem um documento informal.
A 25 de abril, João Galamba contactou Frederico Pinho por mensagem e por telefone. O então adjunto garante que deixou claro que “a decisão que tomaram de não revelar a existência das notas teria de ser revista”. “João Galamba teve uma reação irada”, sublinha Frederico Pinho, que no dia a seguir recebeu uma chamada de João Galamba para o informar de que estava despedido.
O ministério justificou a demissão do adjunto”comportamentos incompatíveis” com as suas funções no Governo”.
Mas, segundo Frederico Pinheiro, dois dias antes de ser despedido, foi informado por uma técnica de que o gabinete ia informar os deputados, depois de requerimento destes, de que não existiam notas da reunião. “Nesse momento, Frederico Pinheiro indica à técnica que, como sabia, tal era falso e que, no seguimento do comunicado do Ministério das Infraestruturas de dia 6 de abril, era provável que Frederico Pinheiro fosse chamado à CPI e que, nesse momento, seria obrigado a contradizer a informação que estava naquela resposta, com a qual discordava. A técnica Cátia Rosas disse que iria articular a resposta a enviar com o ministro das Infraestruturas e com a chefe do gabinete que estavam em Singapura”, refere o comunicado de Frederico Pinheiro.
João Galamba limitou-se a desmentir as acusações do já ex-adjunto, num comunicado à comunicação social.
O ministro garante que Frederico Pinheiro negou “repetidamente a existência de notas de reunião que eram solicitadas” pelos deputados. “Nego categoricamente” ter “procurado condicionar ou omitir informação à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI). João Galamba garante que “toda a documentação solicitada foi integralmente facultada”.
Esta sexta-feira, Frederico Pinheiro foi ao ministério para recolher haveres pessoais mas acabou por protagonizar um episódio de agressões com a chefe de gabinete e assessoras. Partiu um vidro e até terá chamado ele a polícia por terem fechado as portas do ministério, para o impedir de levar os computadores de serviço e pessoal, que originou já uma queixa-crime por parte do Governo.
Frederico Pinheiro foi para o Governo pela mão de Pedro Nuno Santos, antecessor de João Galamba, e, após a demissão do ex-ministro, manteve-se em funções com a pasta da aviação, ou seja, da TAP.