O Governo italiano autorizou a oferta pública de aquisição (OPA) do UniCredit sobre o Banco BPM, impondo, no entanto, um conjunto de condições para salvaguardar os interesses estratégicos e a segurança nacional. A operação, avaliada em 13 mil milhões de euros, foi formalmente aprovada esta sexta-feira à noite, segundo comunicado oficial divulgado por Roma.
A decisão surge na sequência de uma análise aprofundada por parte do executivo liderado por Giorgia Meloni. Apesar de não terem sido detalhadas as condições impostas, o Governo assegurou que estas visam garantir a estabilidade do sistema financeiro nacional, num momento sensível para o sector bancário italiano.
A OPA do UniCredit, presidido por Andrea Orcel, foi anunciada oficialmente no início de abril e deverá iniciar-se no próximo dia 28. Esta movimentação abalou os planos do Governo italiano, que procurava promover a criação de um terceiro grande conglomerado bancário nacional, através da fusão entre o Banco BPM e o Banca Monte dei Paschi di Siena (BMPS).
Apesar da oposição política demonstrada desde o início, as autoridades italianas reconheceram a limitação da sua margem de manobra para bloquear o negócio. Ainda assim, recorreram ao mecanismo da “Golden Share”, um instrumento especial que permite condicionar ou impedir aquisições envolvendo ativos considerados estratégicos.
O processo de revisão da OPA teve início em janeiro e agora conclui-se com uma autorização formal, mas condicionada. Fontes próximas do processo, citadas pela Bloomberg, revelaram que as exigências de Roma poderão incluir restrições às operações do UniCredit na Rússia, bem como medidas para manter equilibrado o rácio empréstimos/depósitos do Banco BPM e assegurar os seus níveis de financiamento de projectos.
Em comunicado, o UniCredit confirmou ter recebido a aprovação condicionada da operação e indicou que vai analisar a viabilidade das exigências impostas, bem como o seu impacto na empresa, nos seus acionistas e na operação de fusão em curso. O banco acrescentou que poderá entrar em contacto com as autoridades competentes para discutir os termos da autorização.
Este anúncio surge semanas depois de o Governo italiano ter autorizado, sem qualquer condição, duas outras operações relevantes no sector: a OPA do Banca Monte dei Paschi di Siena sobre a Mediobanca e a aquisição da Anima Holding pelo Banco BPM.
Recorde-se que, no mesmo dia em que o UniCredit tornou pública a sua intenção de adquirir o BPM, foi também conhecida a autorização do Banco Central Europeu ao Crédit Agricole para comprar uma participação de 19,9% no Banco BPM, consolidando a sua posição como maior acionista da instituição.
A OPA do UniCredit, marcada para arrancar a 28 de abril, promete reacender o debate sobre a consolidação do sistema bancário italiano e o papel do Estado na defesa da autonomia financeira nacional.