Camaradas, companheiros, pais e tutores, a culpa é toda vossa (e minha) por termos o país no estado em que está. Ehhhh, clama, ninguém fuja com o rabo à seringa. Tudo de rabinho voltado cá para este lado. Boa. Vamos à pica!
A minha geração, que anda a ter filhos até aos 50, e a geração imediatamente anterior, a que achava que havia linces na serra da Malcata, falhou redondamente ao ‘inducar’ os pequenos e as catraias nisso da política. O resultado está à vista: estes nobres cidadãos, que hoje atingem os 40, não pensam, não exigem, não se importam, não ligam, querem é a Golden Box do Benfica e o Tusla eléctrico, tudo por mais um punhado de dólares da empresa de subcontratação.
Falhamos, pois claro. Nós, putos, ainda andámos à porrada (um beijinho dr. Dias Loureiro, pela omoplata partida na PGA e a outra nas propinas, que querido). Mas os novos putos levam com escolas autocráticas e jantares dependentes da televisão – e nem sempre sintonizadas na política.
Fossemos nós responsáveis (que horror) já lhes tínhamos explicado as diferenças entre Esquerda e Direita, entre progressistas e conservadores, entre humanistas e personalistas, entre nacionalistas e internacionalistas. Mas custa, não é. Se calhar muitos de nós tínhamos de ir ao dicionário vermelho da Porto Editora ver que raio querem dizer estas coisas. Ou à Wikipédia, pois já trocamos os pés entre o grupo de Macau e o Grupo de Baile, que cantava «o teu perfume Patchouli».
Agora basta-nos ou António Zambujo, uma Cristina no Big Brther e a Ana Moura a cantar sobre cocó para sermos felizes. E o carro de marca, arrendado pela empresa, para mostrar aos papalvos lá da terra quando vamos de férias e regressamos cheios de batata, morangos, limões e um jerrycan de azeite.
Ursos. Perdemos a oportunidade de formar duas ou três gerações em política – a arte de gerir a Polis, a cidade – e agora queixamo-nos do Chega, do PCP, do Bloco, quando nos devíamos estar a queixar em barda do PSD e do PS, famosa mistura de Cerelac com Farinha Amparo, sem sabor, sem rumo, sem ideias, sem nada.
Ainda sabem fazer uma papa Maizena com ovo e açúcar por cima? Sim, a desafiar a diabetes e as cáries? Protegemos tanto os putos que andar de bicicleta agora é como preparar um astronauta: capacete, cotoveleiras, joelheiras, sapatos de sola
não-sei-quê, luvas… E qualquer dia pomos palas, aos miúdos. Que pobre geração, que não se arranha e não leva com álcool, tintura de iodo e mucúrócromo…. Mais um penso daqueles curtos demais, a cola a arranhar a ferida, milhões de germes a entrar e a tornar o sistema imunitário mais forte. Ou nadar em Vila Velha de Rodão era saudável, com a porcaria da fábrica a botar tudo ao Tejo?
Mexam-se, pais, tutores, padrinhos, madrinhas, assistentes sociais, sei lá, todos os que têm crianças a cargo. Mostrem-lhes o horror que este planeta é, por causa dos seres humanos. Façam-nos questionar. Contem-lhes a verdade e acalentem as crias para que formem opinião.
Razão tinha o outro, mas por motivos errados: Cambada de piegas que para aqui andamos a defender as criancinhas – para que depois levem com o boi pela frente, em pontas!