A fábrica Hutchinson Borrachas de Portugal (HBP), situada em Campo Maior, Portalegre, tomou a decisão de rescindir os contratos de cerca de 100 trabalhadores temporários, motivada pela contínua diminuição da carteira de encomendas. Esta informação foi confirmada numa carta enviada aos colaboradores, datada de 4 de setembro, a que a agência Lusa teve acesso.
De acordo com o diretor da empresa, Víctor Brandão, os stocks acumulados nos centros de distribuição não foram reduzidos como esperado durante o período de férias, devido a uma quebra na procura por parte dos clientes finais. Esta situação já tinha levado, no final de julho, à adoção de uma primeira medida de cessação de contratos temporários, afetando mais de 30 trabalhadores.
Apesar das expectativas de estabilização com o regresso à normalidade após o verão, o volume de encomendas continuou a cair. “As últimas previsões apontam para a continuação desta tendência nos próximos meses, de forma acentuada”, salientou Brandão na missiva. Diante deste cenário, a HBP não vê alternativa senão proceder à cessação dos contratos temporários, uma vez que a necessidade de manter este contingente de trabalhadores deixou de se justificar.
O diretor adiantou ainda que a empresa continuará a monitorizar a evolução das encomendas nas próximas semanas, admitindo que, caso a situação melhore, poderão ser tomadas medidas no “sentido inverso”, com a recontratação de parte dos trabalhadores afetados.
A situação preocupa os sindicatos. Uma fonte do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Transformadoras, Energia e Actividades do Ambiente do Sul (SITE Sul) confirmou que os stocks da empresa estão “cheios” e que “as máquinas estão paradas”, refletindo a falta de trabalho. Apesar disso, a fonte sindical garantiu que, para já, os cerca de 600 trabalhadores efetivos da Hutchinson não correm risco de perder os seus empregos. Permanecem ainda na empresa entre 50 a 60 trabalhadores temporários.
Este é um novo episódio de uma crise que já se vinha a adivinhar, num setor fortemente dependente da indústria automóvel e sujeito às flutuações do mercado. A Hutchinson, uma das principais empregadoras da região de Campo Maior, enfrenta agora um futuro incerto, à mercê de uma possível recuperação do volume de encomendas nos próximos meses.