Portugal e Espanha recuperam esta terça-feira do maior apagão elétrico das últimas décadas, que deixou cerca de 6,5 milhões de clientes sem energia em território nacional. À meia-noite, 80 por cento do fornecimento já estava reposto, segundo a E-REDES, mas persistem falhas localizadas. O Conselho de Ministros reúne-se esta terça-feira para avaliar a situação, enquanto especialistas tentam determinar a origem da falha, que terá começado em Espanha.
Cronologia de um “incidente excecional” : O corte generalizado ocorreu às 11h30 de segunda-feira, afetando toda a Península Ibérica e parcialmente o sul de França, onde o serviço foi rapidamente restabelecido. Em Portugal, todas as regiões continentais ficaram às escuras, incluindo Lisboa, Porto e Algarve. Em Espanha, comunidades como Madrid, Catalunha e Andaluzia também foram atingidas.
A E-REDES conseguiu religar 424 subestações até à meia-noite, devolvendo energia a 6,2 milhões de clientes. «Priorizámos infraestruturas críticas, como hospitais e transportes», explicou fonte oficial da empresa à Lusa. O primeiro-ministro, Luís Montenegro, garantiu que o problema «não teve lugar em Portugal», apontando para uma «flutuação brusca» na rede europeia, segundo a Red Eléctrica de España.
Hospitais, transportes e telecomunicações afetados
Os serviços essenciais foram os mais penalizados. Hospitais recorreram a geradores, mas enfrentaram dificuldades no abastecimento de combustível. O INEM pediu que o 112 fosse usado «apenas em emergências reais». O aeroporto de Lisboa suspendeu operações temporariamente, e os comboios da Fertagus só retomaram circulação ao final do dia.
Nas estradas, a PSP reforçou patrulhas devido aos semáforos inoperacionais, recomendando «reduzir a velocidade e dar prioridade à direita». Os pagamentos eletrónicos ficaram condicionados, com filas nos multibancos. As telecomunicações também registaram falhas, complicando a coordenação de esforços.
Resposta das autoridades e próximos passos
O Governo ativou um grupo de crise e mantém contacto com Bruxelas. O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, acompanha a situação «em permanência», segundo fonte palaciana. A Comissão Europeia já solicitou um relatório técnico conjunto a Portugal e Espanha.
Para hoje, espera-se a normalização progressiva, embora zonas rurais possam permanecer sem energia. Escolas e serviços públicos reabrem nas áreas com abastecimento restabelecido. O Conselho de Ministros deverá anunciar novas medidas após a reunião matinal.
O apagão de 28 de abril expôs vulnerabilidades na rede energética ibérica, com impactos transversais. A rápida mobilização das autoridades permitiu controlar a crise em menos de 24 horas, mas a investigação sobre as causas — já descartado um ciberataque — promete reacender o debate sobre a segurança das infraestruturas europeias.