A menos de um ano e meio das eleições autárquicas, o tabuleiro político regional está prestes a ser inaugurado, e decorrem na sombra as negociações que vão determinar aquelas que serão as personagens principais de um jogo que, por detrás do pano, já começou a ser distribuído.
É nesse quadro de negociações ocultas que teve lugar um pacto, de que ORegiões teve conhecimento, estabelecido entre o histórico socialista Joaquim Morão e o ainda presidente do Município de Idanha-a-Nova, Armindo Jacinto.
Este autarca cumpre o seu último mandato, e pretendia deixar um homem de confiança como candidato à autarquia, que poderia passar por ser João Dionísio, presidente da Assembleia Municipal de Idanha, eleito pelo PS. Porém, Joaquim Morão, eminência parda nos bastidores políticos locais, apesar de todos os escândalos e casos judiciais em que está envolvido, quer entregar a autarquia Idanhense àquele que foi o seu delfim, o também idanhense Rui Esteves, que se tem mantido afastado da ribalta política, numa tentativa de recuperar a sua imagem do caso da polémica licenciatura obtida por equivalências.
Como as inesperadas eleições legislativas do passado dia 10 de Março, e a consequente viragem à direita do panorama governativo, o afastaram de um desejado cargo nacional, Armindo Jacinto viu-se obrigado a ceder às pressões de Morão, e a deixar cair o nome do seu velho amigo João Dionísio, a troco de um lugar como administrador do Hospital Distrital Amato Lusitano, sempre e quando decidisse apoiar a candidatura do ex-comandante nacional da Protecção Civil, Rui Esteves.
Foi neste cenário que os dois socialistas terão firmado um pacto, onde se estabeleceram as condições da apresentação de Rui Esteves como candidato consensual, indicado pelo Partido Socialista à Câmara Municipal de Idanha-a-Nova.
O que não tem sido consensual para os socialistas idanhenses é a forma de afastar Idalina Costa da corrida eleitoral, uma vez que a actual vice-presidente teima em perfilar-se como candidata presidenciável, tendo promovido uma aproximação ao Movimento Independente MOV.PT, de forma a conseguir garantir um lugar para si, ou para o seu filho, Gonçalo Costa, num deste dois tabuleiros, o que tem levado alguns socialistas a temerem uma rebelião contra o próprio PS e a alguns independentes a afastarem-se daquele movimento.
Porém, ORegiões sabe que Idalina Costa terá garantido total fidelidade a Joaquim Morão, e que aceitaria aquelas que fossem as suas orientações, o que reforça a ideia de que uma eventual rebelião se trata de uma jogada de bluff da actual vereadora socialista, para garantir uma posição bem remunerada para o seu filho, actualmente assessor de Armindo Jacinto, embora na prática não exerça essas funções.
Por outro lado, ORegiões sabe que o Conselho Intermunicipal da Beira Baixa já escolheu o nome a indicar por esta entidade para a administração do Hospital Distrital, conforme confirmou o seu presidente, João Lobo, autarca de Proença-a-Nova. A resposta foi dada ao socialista Jorge Neves, na última sessão da Assembleia Intermunicipal, que decorreu na passada terça-feira, embora João Lobo não tenha querido confirmar quem foi o escolhido. «Apenas posso informar que o nome foi escolhido por unanimidade», afirmou.
Todavia ORegiões também sabe que os escândalos em que Armindo Jacinto está envolvido, em particular a indemnização de meio milho de euros devida à artista plástica Cristina Rodrigues, o podem colocar em maus lençóis, afastando-o do lugar negociado com Morão.
Apesar de Rui Esteves não ter ainda sido ventilado fora de círculos políticos restritos, o Regiões sabe, por fonte ligada ao PS de Idanha, que o ex-comandante é um nome que reúne consensos nas diferentes sensibilidades socialistas, susceptível de reunir apoios num sector alargado da sociedade civil.