A orbe vai ajustando os preços, sublimados por via das pelejas a Leste, arrumando os tarecos, ensaiando a ordem no território. A Europa claudica, numa demonstração de fragilidades, cedendo ao pulsar do povão, sempre irreverente, sempre ávido, sempre insaciável, o mais das vezes irascível, irracional. E vai de reduzir preços no gás, na luz, no leite, em boa parte dos bens, em particular os de necessidade primeira, por descidas que se cifram em resultados superiores a 60%, por alguns casos! Neste ínterim, Portugal, excitando o seu gene de Viriato, de costela Gaulesa, resiste indomável, musculado, numa demonstração viril de “quem manda aqui!?”. E bem, que esse expediente do ‘panis et circenses’ já era, de épocas milenares, impérios que esborralharam, como bem se viu – a História não engana! Engazopa-se o povo com mexidas por IVA, mas a navegação sabe que ninguém controla – ainda que se encomendem vigilantes -, e a coisa fica ainda mais do mesmo: tira da farinha, mete no farelo, vai-se a ver, tungas – igualíssimo, quando não pior!
Tenho isto comigo, de crianço. Percebo que possa haver um trauma, mas… sou feliz assim. Elucubrava, nos meus sonhos, desvairando acordado, que o planeta era tomado por animais que lideravam conforme às leis da Natureza – semelhando Woodstock, a que eu assisti do final da minha segunda infância. Tudo funcionava por equilíbrios, no filme que eu projectava por mente! Governava o cordeiro, brando, pacífico, sempre ajustado a consensos. Logo após vinha o javali, também ele apaziguado pelo modelo precedente. E no exercício do poder – se assim se pode designar – assistia-se ao calor animal por afeições e branduras.
A par dos animais da Terra, toda a Natureza reinava por ciclos. Vinham os peixes, à batuta de Neptuno, mas governando por autonomias. Cardumes ao poder! Ele eram taínhas, ele eram chicharrinhos, ele eram petinguinhas…, tudo por aconchegos e doçuras. Eis que que me sentia maravilhado! Maravilhoso, como nas epopeias! E os mandos rodavam.
Era agora a vez do mandamento da fruta; governavam Kakis, depois os magnórios, as pitangas, o cupuaçu, a granadilha, sempre por nortes de paz, que outro resultado não seria expectável.
Tudo isto se passava na dimensão do sonho. Mas nunca perdi a esperança. Acreditava que um dia seria venturoso por aqui. Foi chegada a hora. Algum deus, mais atento ao meu ansioso penar, me contemplou por bafejos, cedendo aos meus quereres. Apresentaram-se em cacho, por coesão, unidinhos, para que mais parrudos se entranhem, firmados! Obrigado, deus! Até serás uma divindade menor, mas estás atento às minhas súplicas. Hei-de adorar-te. Já te adoro, por exultações de alma!!!
Boa merda – alguns dirão – mas… estou a amar ser chefiado por um rolhão de bananas!