A Igreja Católica de Portugal apresentou esta quarta-feira o Grupo de Acompanhamento das situações de abuso sexual de crianças e adultos vulneráveis no contexto da própria igreja. Chama-se Grupo VITA e é coordenado pela psicóloga Rute Agulhas.
O Grupo VITA foi apresentado esta quarta-feira em Lisboa, pelo presidente da Conferência Episcopal, D. José Ornelas “É um grupo virado para ter uma vertente operativa clara dentro da Igreja. Precisa de ter uma face de acolhimento bem autónomo e definido perante as vítimas, perante a sociedade; mas ao mesmo tempo tem de articular-se para dentro da Igreja, de forma eficiente, para que se possa coordenar” com a estrutura eclesiástica, no que toca ao acolhimento das vítimas e também ao trabalho na prevenção e formação.
D. José Ornelas reitera que a Igreja Católica está numa “nova fase” de combate aos abusos de menores. “Agora é o tempo de a Igreja se voltar para o apoio às vítimas”, disse D. José Ornelas.
Na apresentação do Grupo VITA, a psicóloga Rute Agulhas, referiu que a violência sexual é um problema de saúde pública” que ocorre em vários contextos. “A Igreja é um contexto, de entre outros, onde esta realidade existe”. A psicóloga salientou ainda que “a Igreja assume um papel pioneiro” no que toca ao combate aos abusos sexuais.
Rute Agulhas apresentou também os elementos que vão compor esta nova equipa: a psicóloga Alexandra Anciães (especializada em avaliação e intervenção com vítimas adultas), a psicóloga Joana Alexandre (investigadora na área da prevenção primária dos abusos sexuais), o assistente social Jorge Neo Costa (que intervém com crianças e jovens e perigo), a psiquiatra Márcia Mota (especialista em sexologia clínica) e o psicólogo Ricardo Barroso (especialista em intervenção com agressores sexuais).
A psicóloga garante a “autonomia” desta nova comissão e salientou que confia “totalmente” nestes elementos. Destacou que, além do grupo executivo, haverá também um grupo consultivo com especialistas em direito civil e canónico , bem como e o recurso a “pareceres de outros especialistas” quando necessário. Rute Agulhas destaca, por outro lado, que é necessário envolver as “crianças e jovens”, ouvindo-as, no processo de prevenção e formação.
O Grupo VITA fica também responsável por encaminhar as denúncias de abusos de padres sobre menores ao Ministério Público e para os responsáveis da Igreja Católica. “Pretendemos acolher suspeitas e relatos de crianças ou adultos, sobreviventes ou outros, atuais ou antigos, cometidos por membros da Igreja Católica, disse Rute Agulhas.
Durante o ano de 2022, a comissão independente liderada por Pedro Strecht realizou um estudo pormenorizado sobre a realidade dos abusos na Igreja em Portugal. O relatório final, apresentado em fevereiro deste ano, estima que tenham existido pelo menos 4.815 vítimas de abusos na Igreja desde a década de 1950 até 2022.