Um incêndio que deflagrou na Amora, concelho do Seixal, na quarta-feira, devastou cerca de 230 hectares de mato, sendo considerado um dos maiores desastres ambientais na região nos últimos tempos. O presidente da Câmara Municipal do Seixal, Paulo Silva, confirmou esta quinta-feira à agência Lusa a extensão dos estragos, destacando que a área atingida corresponde a “um dos grandes pulmões verdes” do concelho. No entanto, adiantou ainda que a zona ardida no concelho vizinho de Sesimbra é “muito superior”.
O incêndio teve origem num veículo em circulação na autoestrada A33, que, ao incendiar-se, fez com que as chamas se alastrassem para uma vasta área de mato seco, dificultando o trabalho das autoridades de combate ao fogo. As chamadas rapidamente se propagaram para a Herdade da Apostiça, no concelho de Sesimbra, agravando ainda mais a situação e exigindo um esforço extraordinário das equipas de bombeiros e de protecção civil. O fogo foi considerado controlado apenas na madrugada de quinta-feira.
O presidente da Câmara de Sesimbra, Francisco Jesus, afirmou que a situação na Herdade da Apostiça foi “muito complicada”, mas ainda não revelou dados concretos sobre a área destruída. No entanto, um comunicado da autarquia confirmou que cerca de 30% do Espaço Interpretativo da Lagoa Pequena foi consumido pelas chamas, afectando sobretudo a zona de caniçais, embora tenha sido possível evitar danos mais graves graças à rápida intervenção dos bombeiros. O comunicado sublinha que o Espaço Interpretativo da Lagoa Pequena, uma área ambientalmente sensível, chegou a ser dada como perdida, mas o esforço das equipas no terreno salvou este importante santuário natural.
Em termos de infraestruturas, o fogo destruiu um passadiço no Espaço Interpretativo, mas a maior parte dos equipamentos, incluindo a nova torre e o observatório recentemente instalado pela Câmara de Sesimbra, encontram-se intactos. A zona de pinheiros mansos da margem norte da Lagoa também foi poupada, com exceção da área junto à Ribeira da Apostiça.
O balanço do Comando Sub-regional da Proteção Civil da Península de Setúbal apontou ainda para a destruição de uma casa devoluta e cinco viaturas, além de ter causado três feridos leves entre os bombeiros. Dois desses feridos foram transportados para o Hospital Garcia de Orta, em Almada, enquanto o terceiro foi assistido no local.
Este incêndio relembra a vulnerabilidade das áreas naturais da região a episódios de fogo descontrolado, especialmente durante os meses mais secos, e lança um alerta para a necessidade de reforço de medidas de prevenção e de proteção das zonas florestais e naturais no distrito de Setúbal.