Foram constituídas 96 equipas, compostas por 480 elementos dos corpos de bombeiros, que estarão, até quarta-feira (12 de abril), “em maior prontidão neste período, para reforçar a capacidade de ataque inicial a incêndios rurais”.
Os dois incêndios florestais que, sábado, deflagraram no distrito de Braga, mobilizando 98 operacionais, 25 viaturas e três meios aéreos, vieram justificar as preocupações do Ministério da Administração Interna que destacou, entre este sábado e quarta-feira, perto de cinco centenas de bombeiros para reforçar as áreas com maior risco de incêndio rural, numa altura em que se registam temperaturas mais elevadas, divulgou o Governo.
Em comunicado, o Ministério da Administração Interna (MAI), tutelado por José Luís Carneiro, refere que foram constituídas 96 equipas, compostas por 480 elementos dos corpos de bombeiros, que estarão “em maior prontidão neste período, para reforçar a capacidade de ataque inicial a incêndios rurais”.
“A decisão de constituição do dispositivo excecional assentou nas temperaturas elevadas que se verificam em vários pontos do território continental, associadas à situação de seca provocada por valores de precipitação muito abaixo da média”, justifica a tutela.
Assim, refere ainda a nota do MAI, estas equipas serão “implementadas por ordem do Comando Operacional Nacional de Emergência e Proteção Civil nos Comandos Sub-regionais sujeitos a maior pressão de número de ignições e da evolução do cenário meteorológico.”
“Este dispositivo excecional soma-se ao que já estava no terreno, porque o país encontra-se presentemente no nível de empenhamento permanente do Dispositivo Especial de Combate a Incêndios Rurais”, acrescenta.
A implantação deste dispositivo, segundo algumas fontes contactadas pelo O Regiões, só foi possível graças ao acordo que foi possível alcançar”, em março, entre a Liga dos Bombeiros Portugueses e o governo, nomeadamente quanto à diretiva financeira que vai suportar o combate aos incêndios florestais deste ano.
António Nunes, presidente da Liga dos Bombeiros, referiu, após uma reunião com o ministro da Administração Interna, José Luís Carneiro, e com a Secretária de Estado da Proteção Civil, Patrícia Gaspar, que apresentou uma proposta “equilibrada” e que foi alcançado um “acordo razoável” tendo em consideração que os bombeiros “querem sempre mais alguma coisa”. Acrescentou, porém, que os bombeiros “compreendem o esforço nacional que tem sido feito nesta matéria” de combate aos incêndios florestais, mas também os poderes públicos têm de entender os esforços dos bombeiros e proporcionar-lhes melhores condições de trabalho.
Em 4 meses registados 1819 incêndios
De acordo com números divulgados pelo Governo, no período compreendido entre 01 de janeiro deste ano e o dia 07 de abril foram registados 1810 incêndios rurais, resultando em 6.614 hectares de área ardida, entre povoamentos florestais (1.575 hectares), matos (4.965 hectares) e agricultura (74 hectares).
Estes dados, apurados até ao dia 07 de abril, representam o 6.º valor mais elevado em número de incêndios e o 5.º mais alto de área ardida desde 2013.
Na segunda-feira, em declarações aos jornalistas à saída da inauguração da esquadra da PSP de Matosinhos, o ministro José Luís Carneiro advertiu que 2023 será “ainda mais difícil” do que 2022 no combate aos incêndios florestais, pedindo às pessoas e às instituições para se prepararem.
O ministro vincou que o Estado Português, a Proteção Civil e as autarquias estão a procurar fazer a sua parte, mas todos têm de contribuir porque 55% dos incêndios que deflagraram em 2022 deveram-se a negligência.
A área ardida nos incêndios de 2022 foi mais do triplo da área ardida em 2021, tendo os incêndios rurais consumido até ao final de setembro 109.514 hectares, o valor mais elevado desde 2017, segundo dados divulgados em outubro pelo Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF).