Dois anos após a Comissão Europeia ter proposto a primeira legislação para a Inteligência Artificial, a primeira a nível mundial, defendendo controlos apertados à segurança, a aprovação da mesma tem vindo a ser protelada devido às novas ferramentas de AI que vão surgindo e que num futuro vão competir e até superar o cérebro humano. Será um perigo para a humanidade?
As designadas tecnologias emergentes, que se vão desenvolvendo com o fito de chegar à Inteligência Artificial Geral, camadas neuronais céleres, poupando tempo e dinheiro, são apontadas como possíveis para solucionar os grandes problemas como o ambiente, a saúde, os problemas sociais. Pretende-se que através da IA se façam os trabalhos mais pesados ou aqueles que os humanos não querem fazer. Embora sem darmos muito conta, já a estamos a utilizar no nosso dia a dia, como por exemplo quando pomos uma empilhadora a arrumar caixotes.
No caminho são previsíveis milhares de desempregados, a sua utilização para fins violentos como as guerras, a exploração humana, et. Como em todas as grandes mudanças, haverá o caos e depois o surgimento de novas profissões relacionadas com estas tecnologias inteligentes e novamente um reordenamento, onde o bem caminha a par do mal. Afinal será sempre como uma faca que dá para matar ou simplesmente descascar uma maçã.
Na Comissão Europeia, Conselho Europeu e Parlamento Europeu, os membros preparam-se para uma ronda de negociações, que deve começar este mês. Natasha Crampton, responsável por IA na Microsoft, explicou recentemente que o “AI Act “ da UE deve manter o foco em cenários de utilização elevados. Considera que ferramentas como o ChatGPT, recentemente criada, são raramente usados para atividades de elevado risco e são usadas, sim, para escrever documentos e ajudar com escrita de código, maioritariamente.
O ChatGPT pode gerar respostas em linguagem natural, para perguntas e comandos escritos em linguagem natural, e consegue responder a uma ampla variedade de perguntas, desde factos simples até questões complexas de raciocínio. Dizem os cientistas que, embora de início dê erros, ele vai-se aperfeiçoando e será capaz de gerar as suas próprias respostas.
As propostas da União Europeia para regulamentar o uso de tecnologias de inteligência artificial no bloco, considera por exemplo, que seria um cenário de “alto risco”, o uso de reconhecimento facial para vigilância em massa. De acordo com Corporate Europe ObservatoryAs empresas ‘gigantes’ tecnológicas têm-se empenhado num batalha de ‘lobby’ para se salvaguardar de qualquer responsabilidade.
A semana passada o dono da Tesla, Elon Musk, numa carta aberta, em conjunto com um grupo de especialistas e executivos da área tecnológica pediram uma “pausa” de seis meses no desenvolvimento de sistemas mais poderosos. Nela estão listados os potenciais riscos para a Humanidade.
Não se sabe se esta carta, mais não é que um golpe publicitário. Quando as descobertas começam, já nada nem ninguém as faz parar…
A carta emitida pelo instituto “Future Life”, foi assinada por mais de 1.100 pessoas que pretendem uma suspensão “consciente” de projetos ligados à Inteligência Artificial. Os consignatários incluíram o CEO da Stability AI, Emad Mostaque, os pesquisadores da DeepMind e os “pesos pesados” da Inteligência Artificial, Yoshua Bengio, muitas vezes referido como um dos “padrinhos da IA”, e Stuart Russell, um pioneiro da pesquisa em campo.
Um quarto de século após o aparecimento do motor de pesquisa da Google, começou o debate sobre a forma como vamos utilizamos a internet, perante o fenómeno transformacional da inteligência artificial. O Google Bard, o Baidu’s Ernie Bot e o chatbot Bing da Microsoft – estão na dianteira do mercado, num caminho a “galope”.
Esses sistemas podem ser treinados para aprender a partir de grandes volumes de dados, o que lhes permite fornecer respostas mais precisas e eficientes do que as pesquisas tradicionais. Entre os exemplos está o livro infantil Alice and Sparkle, escrito e ilustrado por bots a partir dos comandos do designer norte-americano Ammaar Reshi. Com ajuda da IA, Reshi não demorou nem 48h entre começar a escrever e lançar o livro na plataforma da Amazon.
No fundo são os cientistas dos dados a trabalhar metodologias e técnicas para que os computadores aprendam com os dados, que todos lhes vamos fornecendo, de forma a tornar mais fáceis tarefas penosas dos humanos.
Segundo os investigadores, estamos em transição, por que há ainda muito caminhos a percorrer no tratamento dos dados, até que as redes neurais o consigam, mas é certo que cada vez são mais capazes de comunicar, raciocinar e conceber ideias novas. Os objetivos finais de todas as grandes Tecnológicas é que esta área da ciência da computação desenvolva sistemas que tenham capacidade da cognição humana e aí serão desencadeados novos problemas de carácter ético e deontológico. Estamos no começo, mas o percurso já não será longo.