A única certeza da vida é que nada é certo nesta vida e, apesar das várias aulas práticas a que fui assistindo, algumas delas na fila da frente, continuo a não deixar de me surpreender com as intermitências desta mesma vida.
Há quem me diga que não gosta de fazer grandes planos para o futuro, principalmente se eles forem a médio ou longo prazo, porque a probabilidade de eles se virem a realizar é muito baixa.
Já eu gosto precisamente do contrário. De fazer planos porque acredito que somos nós que temos a capacidade de fazer acontecer. Mas tenho de reconhecer que a eficácia dessa capacidade se vai esbatendo quando alargamos o horizonte temporal desses planos. Talvez por isso deva atualizar a forma como olho para a vida. Temos a capacidade de fazer acontecer sim, mas apenas no momento ou no curto prazo porque o que continuamos a poder influenciar no médio ou longo prazo na maioria das vezes já nada tem a ver com aquilo que achávamos que iria ser no início do processo.
E muitas vezes, as alterações na nossa vida não são provocadas pelas nossas ações ou sequer pelas nossas omissões. Onde quero chegar é que, em limite, não posso ter a certeza de conseguir fazer aquela viagem que estou a planear para daqui a dez anos porque em dez anos muita coisa pode acontecer e posso inclusivamente deixar de estar vivo durante esse tempo.
É por isso que cada vez mais tento aproveitar o momento para viver nos intervalos provocados pelas intermitências da vida, valorizando aquilo que efetivamente dá sabor e sustenta a vida. A família como pilar principal e os amigos que provocam um equilíbrio entre o dar e o receber.
Nem sempre o tenho conseguido mas sei que o tenho tentado. E apesar de ainda não me ter totalmente blindado em relação àquilo que não posso controlar, tenho tido a capacidade de o começar a relativizar.
Nem todos me desejam o bem mas há muitos que não me desejam o mal. Resta-me ter a perspicácia de não os confundir para aproveitar em pleno as intermitências da vida.