O governo iraniano responsabilizou os Estados Unidos e Israel pelo “ressurgimento de grupos terroristas” na Síria, descrevendo os recentes avanços de rebeldes na província de Alepo como parte de “uma conspiração orquestrada” para desestabilizar o país.
O ministro dos Negócios Estrangeiros do Irão, Abbas Araqchi, expressou solidariedade ao seu homólogo sírio, Bassam al-Sabbagh, assegurando o apoio de Teerão na luta contra o grupo Hayat Tahrir al-Sham (HTS) e outras milícias que lançaram uma ofensiva de larga escala contra forças do regime de Bashar al-Assad. Durante um contacto telefónico, Araqchi declarou que o Irão “está comprometido em apoiar o governo e o povo sírios na batalha contra as ações terroristas que visam as cidades e aldeias de Alepo”.
O HTS, associado à Al-Qaida, liderou a investida que resultou na entrada em dois bairros nos arredores de Alepo, cidade que pela primeira vez em quatro anos voltou a ser bombardeada. O Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH) relata mais de 255 mortes nos últimos dias, no que descreve como os combates mais intensos desde 2020.
Teerão aponta diretamente Washington e Telavive como responsáveis pelos avanços jihadistas, referindo que o ataque “ocorre após os fracassos do regime sionista no Líbano e na Palestina”. Por outro lado, Bassam al-Sabbagh garantiu que Damasco está determinado em “impedir que os terroristas e os seus patrocinadores atinjam os seus objetivos maléficos”.
Entretanto, o exército sírio intensificou os esforços para conter a ofensiva, com reforços enviados para a região e apoio aéreo por parte da Rússia. Fontes locais indicam que homens armados foram avistados em Alepo, e testemunhas relataram cenas de pânico na cidade, situada perto do último grande bastião rebelde em Idlib.
A escalada de violência ocorre apesar de um cessar-fogo mediado por Rússia e Turquia em 2020, que trouxe uma calma precária à região norte da Síria. O Kremlin apelou às autoridades sírias para que retomem o controlo da situação “com urgência”.
A guerra civil na Síria, que começou em 2011, já provocou mais de 500 mil mortos e deslocou milhões de pessoas. O conflito envolve uma miríade de atores locais e internacionais, incluindo grupos jihadistas, rebeldes apoiados por potências regionais e os governos de Moscovo, Teerão e Ancara, tornando a situação cada vez mais intrincada e explosiva.