O ministro da Infraestruturas, João Galamba não se demite na sequência da polémica que levou à exoneração do seu adjunto e as notas sobre a reunião secreta com do Grupo Parlamentar do PS. Em conferência de imprensa, Galamba reiterou ainda a acusação que Frederico Pinheiro, após ter sido demitido “roubou” o computador de serviço e agrediu três mulheres do seu gabinete.
João Galamba apresentou-se na conferência de imprensa acompanhado pelas três colaboradoras do seu gabinete que foram agredidas pelo ex-adjunto – a chefe de gabinete, uma assessora do imprensa e uma outra adjunta – que não falaram mas foram apresentadas como testemunhas de todas as situações que envolvem este caso.
Mais um caso que envolve a TAP, a Comissão de Inquérito Parlamentar à indemnização à gestora Alexandra Reis, a demissão do ministro Pedro Nuno Santos, a demissão de Christine Ourmières-Widener, as reuniões do GPPS com a CEO da TAP, as fugas de informação sobre o caso, as versões contraditórias e agora a demissão de um adjunto que roubou um computador de serviço e agrediu colaboradoras do gabinete.
Mas, João Galamba, que parecia estar a cair do Ministério das Infraestruturas, afirma que tem “todas as condições” para continuar no Governo. Serviu apenas para João Galamba se mostrar escudado pelas testemunhas e para atirar por terra a hipótese de demissão do cargo de ministro das Infraestruturas.
João Galamba voltou a negar “categoricamente” ter tentado omitir informações à comissão de inquérito, que seriam as notas que o adjunto Frederico Pinheiro recolheu de uma primeira reunião do GPPS a 5 de abril com a CEO da TAP.
Galamba afirma que o adjunto disse não ter notas da reunião até ao dia 24 de abri, data limite da entrega de toda a informação do ministério à CPI. Por isso foi pedido a prorrogação do prazo até dia 26 de abril.
Galamba garante que Frederico Pinheiro recusou disponibilizar as notas até à tarde de 26 de abril. Acabou por o fazer num email e que por isso são classificadas como notas “pessoais” que “nunca foram confirmadas por algum dos presentes na reunião”. Na versão de Frederico Pinheiro, foi Galamba quem lhe pediu para omitir e diz que ele mente quando diz que não o fez.
Galamba acaba por revelar factos novos
Nesta conferência de imprensa, ficou pela primeira vez confirmado que João Galamba reuniu com a CEO da TAP. E foi o próprio João Galamba que o revelou, salientando, no entanto, que foi Christine Ourmières-Widener quem pediu a reunião, que aconteceu. O ministro afirmou ainda que foi também a Ex- CEO da TAP a pedir para participar na reunião do GPPS, antes de se apresentar na CPI. “Frederico Pinheiro perguntou-me se ela podia participar. E eu disse sim, pode. Não vejo porque não”, pormenorizou João Galamba. Mas garante que não nunca houve intenção de combinar perguntas e respostas da CEO da TAP na comissão de inquérito.
Roubo de computador e agressões
Põe fim, Joao Galmba explicou o episódio do computador de serviço que o já ex-adjunto “roubou” do ministério. Galamba usou várias vezes a palavra “roubou” ou “furtou”, e salientou que o computador teria informação classificada e confidencial.
O computador terá sido o motivo do conflito entre o ex-adjunto e os restantes elementos do gabinete e “agressão bárbara” das três colaboradoras que tentaram impedir o “furto” do equipamento.
Frederico Pinheiro acabou por chamar a polícia e foi autorizado a levar o computador para casa. A chefe de gabinete de Galamba comunicou o facto às autoridades SIS e PJ. Foi a Polícia Judiciária que recuperou o computador e que segundo O ministro, o mantém na sua posse para investigação.
Refira-se que estes últimos episódios ocorreram numa altura em que o ministro João Galamba estava ausente numa visita de trabalho a Singapura.
Marcelo vai falar com António Costa
Antes mesmo do primeiro-ministro poder pronunciar-se sobre os últimos acontecimentos, Marcelo Rebelo de Sousa fez este sábado um breve comentário ao caso, já após a conferência de imprensa de João Galamba. Apenas para dizer que assim que tiver toda a informação sobre os factos, a primeira pessoa com quem falará será o primeiro-ministro.
O Presidente da República foi interpelado pelos jornalistas durante a visita à OviBeja, pelo que se entende que irá em breve falar com António Costa.