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Jornalistas intranquilos e ofegantes precisam-se

Venham os jornalistas intranquilos e ofegantes! Aplausos para os que zelam pela sua profissão para, assim, poderem dar o exemplo e contribuírem para uma maior consciência dos seus direitos e deveres. É preciso não ser apenas um mero transmissor. E importante questionar os poderes públicos, mas também questionar-se a si próprio.

Naturalmente que o primeiro-ministro veio a público admitir que foi “uma provocação” quando, á chegada à conferência “O futuro dos media”, em 8 de outubro, criticou os jornalistas que usam os auriculares ou olham para o telemóvel a ver as questões que lhes são “sopradas”. Acrescentou que preferia uma comunicação social mais “tranquila” e menos “ofegante”. Mas ao proferir despropositados comentários, obnubilou um debate profundo sobre a sustentabilidade financeira do sector e o serviço público bem como a importância de um jornalismo sério fundamental à sobrevivência da democracia.

Foram muitos os debates, uns de apoio ao dito pelo PM, outros mais críticos. Houve comentadores/jornalistas e ativistas que quiseram ser mais papistas que o papa: Para darem um ar de isentos, apressaram-se a condenar a classe, que, ressalvando as conhecidas “estrelas” que auferem escandalosos salários em relação aos demais, se debate com uma precaridade laboral acentuada. Estamos perante um quadro mundial dominado pelas tecnologias, os perigos da desinformação, a concorrência das redes sociais e a inteligência artificial que vai fazendo o seu caminho. Tais factos torna-os mais vulneráveis às pressões internas e externas o que fragiliza a afirmação dos princípios jornalísticos.

Por tudo isto o jornalista precisa de existir, de lutar, para mostrar a verdade da informação, a diferença na investigação. Daí a sua intranquilidade. O jornalista sabe qual é o seu papel na defesa da liberdade e da democracia. Por isso não pode acomodar-se. Tem sempre de estar a avaliar a importância dos acontecimentos mais recentes, as novidades de último minuto para poder contrapor a quem nos governa. Não tem necessariamente de ser ofegante. Outra coisa é a impreparação do jornalista, notória para quem tem a capacidade de observação e segue o seu trabalho. Na verdade, chega a ser confrangedor ver alguns jornalistas – sobretudo aqueles que andam na rua, que enfrentam as mais diversificadas situações e que, não se preparando para os assuntos que vão tratar, fazem perguntas sem nexo. Nos dias de hoje ainda se houve a famigerada frase “Como se sente?”.

Não há contraditório e uma única fonte não é nada. Fazem leituras opinativas nas entrelinhas. Há relatos “vazios” de visitas oficiais, coberturas de julgamentos a explorar as imagens dos desprotegidos, passando por cima da ética. As presenças oficiais são descritas ao pormenor destacando as horas, os percursos, os quilómetros…sem que se perceba qual é a questão importante. Como se gasta tanto para não dizer nada. Fazem falta jornalistas que nada escrevam ou relatem quando as comunicações recebidas nada dizem!

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Otília Leitão
Otília Leitão
Doutorada em Ciências da Comunicação no ISCTE-IUL (2021), Mestre em Comunicação, Media e Justiça Universidade Nova de Lisboa ( 2010-2012). Licenciatura em Direito pela Faculdade de Direito de Lisboa (Menção jurídico políticas). Curso de Literaturas Africanas de Língua Portuguesa (sistema e-learning) Instituto Camões.

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