O alto representante da União Europeia para os Negócios Estrangeiros e Segurança, Josep Borrell, advertiu que a presença de soldados norte-coreanos a lutar ao lado das forças russas na Ucrânia representa uma preocupante “globalização da guerra”. Em visita a Kiev, Borrell realçou que a intervenção de Pyongyang no conflito evidencia uma nova dimensão da crise, com ramificações de segurança que podem influenciar outras regiões.
Durante uma conferência de imprensa em Kiev, ao lado do ministro dos Negócios Estrangeiros ucraniano, Andrí Sibiga, Borrell expressou espanto perante o envolvimento de tropas norte-coreanas contra a Ucrânia, algo que considerou impensável há pouco tempo. “Quem imaginaria que as tropas norte-coreanas estariam a lutar contra a Ucrânia?”, questionou o chefe da diplomacia europeia.
Borrell sublinhou a necessidade de intensificar a pressão diplomática sobre a Coreia do Norte para travar o envio de soldados para o apoio das forças russas, destacando a sua recente visita à Coreia do Sul. O diplomata europeu mencionou que a segurança da Coreia do Sul também se encontra ameaçada pela participação de Pyongyang na guerra, situação que poderá ter implicações diretas para a estabilidade da região Ásia-Pacífico.
Insistindo na necessidade de fortalecer o apoio militar à Ucrânia, Borrell defendeu que os aliados ocidentais permitam a Kiev a utilização de armamento para atingir alvos militares situados em território russo, uma questão que permanece sem consenso entre os parceiros ocidentais. Esta é uma reivindicação persistente das autoridades ucranianas, que continuam a solicitar maior autonomia nas operações defensivas contra a agressão russa.
Esta visita a Kiev marca a quinta deslocação de Borrell à Ucrânia desde o início da invasão russa, reforçando o compromisso europeu com o país. A questão da presença de tropas norte-coreanas foi recentemente alvo de denúncia pela Ucrânia, pelos Estados Unidos e pela Coreia do Sul. No entanto, o Kremlin, ao ser questionado sobre o assunto, transferiu a responsabilidade para o Ministério da Defesa russo, mantendo-se evasivo.
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, confirmou ainda na quinta-feira que forças norte-coreanas combatem na região de Kursk, território russo em parte ocupado pelas forças ucranianas, e que as tropas de Pyongyang já teriam sofrido baixas.
