A gente chega e são ruas traçadas geometricamente em paralelas e perpendiculares, fez-me lembrar Espinho.
Da arquitetura, nada releva. É uma cidade permanentemente coberta pelo pó que os ventos sopram do deserto, tudo em tom amarelado.
É o sítio do país berbere onde desde sempre se mercanciam os tapetes de origem artesanal, familiar. Chegam de todos os arredores e são comprados no souk das terças-feiras ou por encomenda pelos comerciantes com estabelecimento na kissaria, mercado aberto todos os dias no centro da cidade.
Na avenida central, o café Titanic. Onde às 11h da manhã ainda chegou o pão fresco, que ao pequeno-almoço comem-se crepes, ovos estrelados, pasta de azeitona e afins.
A empregada do Titanic é inesquecível, uma jovem com cabelo ruivo tintado, sobrancelhas desenhadas em ângulo oblíquo, maquiagem carregada que de tão feia se tornava atraente, é difícil explicar.
É difícil explicar Khemisset, terra de mercadores onde quase todos só falam língua árabe ou berbere, mas cujo espírito de hospitalidade passa além das barreiras linguísticas. Se estamos lá, somos hóspedes. É simples.
Estando lá, aprende-se dos tapetes. Que os que compram no souk não estão acabados, têm que passar por processo de queima e de lavagem posteriores.
Khemisset é lugar de gente terra-a-terra, é meu privilégio ter por lá passado.