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Lá em cima…

Dois ricaços meteram ontem meio corpo fora de uma nave a 500 Kms de distância da Terra. Foi na cápsula Polaris, daquele senhor Musk, (Musk era nome de perfume nos anos 70), o ricalhaço-mor dono da Tesla e do Trump.

Há muito que deixámos de olhar para o espaço, para o cosmos. Até aos anos 90 ainda havia um certo entusiasmo do povo inteiro, cada vez que uma nave ia lá acima. As estrelas chamavam por nós. Carl Sagan, o famoso cientista e autor da série de TV ‘Cosmos’ era um senhor simpático que nos aparecia nos ecrãs depois de almoço, aos Sábados, a explicar quem éramos e onde estamos.

Com o fim da concorrência entre a União Soviética e os Estados Unidos – e depois de vários desaires russos e americanos que causaram mortes – a corrida ao espaço quase desapareceu. Longe vai 1969, ano em que pisámos a Lua e lá deixámos uma bandeira dos EUA, mas feita por uma portuguesa e com tecidos cá da terra. Ah, não, queriam, agora não nos metiam na conquista da Lua. Mais uns meses e mandávamos azeitonas para alimentar os ETs.

A culpa é dos candeeiros. O povo juntou-se nas grandes e médias cidades, onde a luz nocturna, dos modernos lampiões a led, provoca tal poluição visual que deixámos de ver as estrelas e os planetas. Armados em civilizados, anda a escapar-nos pêlos dedos essa visão absoluta e extraordinária do céu negro estrelado ou de uma lua cheia a alumiar alcateias. Para muitos, a visão da “estrada de Santiago”, afinal o braço na nossa galáxia Via Láctea, era ainda mais impressionante: uma devoradora luz vinda do fundo do breu quase que organizava os pontinhos de luz.

Chegaram depois os idiotas, que diziam que a exploração espacial era “muito cara”, que era “deitar dinheiro ao espaço”, que havia fome da Terra, blá blá blá de ursos e imbecis. Até que, com enorme classe, um escritor de Ficção Científica e astrónomo lhes explicou: “O dinheiro da exploração espacial é gasto aqui na Terra, paga ordenados de milhares de pessoas, cria empregos, ajuda fábricas e empresas”. Mesmo assim os nhurros grunhiam, com o peito entalado entre vénus e marte.

Hoje parece querer voltar um pouco a excitação de outros tempos. A SpaceX está a fazer um bom trabalho, há uma Estação Espacial Internacional permanentemente em órbita, que é de todos. Há outra, apenas chinesa. A Índia foi à Lua e Portugal já vai no seu terceiro satélite (fazem ping e pong, mas ao menos estão lá).

Remato: este dia 13 de Setembro, de 1999, era o dia em que havia uma explosão nuclear na Lua e esta afastava-se da Terra para viagens sem fim, na fabulosa série “Espaço: 1999”. Um mês antes de chegarmos à Lua findava a terceira temporada de “Star Trek: O Caminho das Estrelas”, que já conta com mais séries e filmes do que temos dedos para contar. Reavivou-se, pela mão da BBC, o eterno viajante do tempo “Doctor Who”. Enfim, o entretenimento empurrava-nos para o espaço. A todos. E a exploração espacial, essencial para o nosso futuro, merece-nos toda a atenção. Comecem por levar a namorada ou companheira num passeio a pé pela noite de breu, à procura do sentido da vida.

E, já agora, vejam ou revejam o genial “Era Uma Vez… O Espaço”, de Albert Barillé, com o genérico magistralmente cantado em português por Pedro Malagueta. Começava assim: “Lá em cima há

planícies sem fim/ Há estrelas que parecem correr/ Há o Sol e o dia a nascer/ E nós aqui sem parar numa Terra a girar”…

Ide ver Marte, que está lindo.

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Joao Vasco Almeida
Joao Vasco Almeida
Jornalista 2554, autor de obras de ficção e humor, radialista, compositor, ‘blogger’,' vlogger' e produtor. Agricultor devido às sobreirinhas.

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