Castelo Branco, essa terra que por muitos é vista apenas como um ponto estratégico no interior de Portugal, longe da efervescência das grandes cidades, vive uma realidade política que desafia qualquer explicação lógica. Ali, onde o sol brilha forte e a política parece fluir com a tranquilidade das águas do Tejo, existe um verdadeiro império. E o imperador? Leopoldo Rodrigues, um nome que há muito se tornou sinónimo de um reinado peculiar. Um reinado que, talvez por coincidência ou por desígnio divino, conseguiu criar um modelo de governação único. Pois em Castelo Branco, a capital de distrito, o executivo não tem um único vereador a tempo inteiro. É o único caso no país.
Este fenómeno é uma verdadeira obra-prima de gestão política. Enquanto em outras cidades as autarquias se esforçam para garantir que os seus vereadores dediquem o tempo necessário ao serviço público, na cidade de Leopoldo, os assessores são os verdadeiros mestres do jogo. Com uma equipa de 27 assessores, não é difícil perceber que a gestão do município não se faz nas praças ou nos gabinetes de vereadores, mas sim nas intermináveis reuniões de bastidores, onde o poder se tece com uma destreza digna de um estrategista militar.
Mas, quem são, afinal, estes 27 assessores? Seriam eles os arautos da boa governação ou meros fantoches de um sistema que se alimenta de favores e indicações políticas? É difícil não pensar que a cidade se tornou num vasto campo de experimentação de uma política clientelista onde, por cada favor prestado, há um lugar no exército dos assessores. E este número de assessores, que não tem paralelo em qualquer outra cidade do país, não é mera coincidência. É um reflexo de um estilo de gestão que depende mais de uma corte de cortesãos do que de uma estrutura autárquica tradicional.
Enquanto em outras cidades os vereadores a tempo inteiro debatem o orçamento, as necessidades da população e as questões do dia-a-dia, em Castelo Branco, o poder parece estar concentrado numa figura solitária: o Presidente Leopoldo Rodrigues. O homem que, ao que tudo indica, assume a responsabilidade de governar com uma mão firme e com o apoio de uma legião de assessores que garantem que as coisas aconteçam, mesmo que o resto da cidade não saiba bem como.
Este modelo é uma verdadeira encenação política, onde a verdadeira gestão se faz fora dos holofotes. Na Câmara Municipal de Castelo Branco, o poder não está na rua, onde os cidadãos podem ver e ser ouvidos, mas sim nas reuniões fechadas, longe do olhar público. O papel dos vereadores, aqueles que teoricamente deveriam ser o elo entre a população e o poder autárquico, é relegado a um plano secundário, ou até inexistente. Em vez disso, os assessores ocupam o palco, operando nas sombras da política local.
Leopoldo Rodrigues construiu um império, e este império não é só político, mas também simbólico. Num país onde a política local ainda é vista como um exercício de proximidade e serviço ao público, Castelo Branco representa uma exceção, um desafio aos ideais democráticos. Aqui, o Presidente exerce o seu poder de forma quase absoluta, rodeado por uma vasta equipa de assessores que se tornam quase uma extensão da sua própria vontade.
Este caso, quiçá único no país, levanta questões que vão muito além de uma simples crítica ao excesso de assessores. Ele coloca em causa o próprio modelo de governação e o papel das autarquias na relação com os cidadãos. O modelo de Leopoldo Rodrigues é um reflexo de uma política que se distancia daquilo que muitos entendem como uma gestão pública de proximidade, onde a transparência, a participação e a responsabilidade deveriam ser as palavras-chave.
Em Castelo Branco, no entanto, o trono é sólido, e os 27 assessores garantem que a máquina continua a funcionar, MAL, mas a funcionar. O povo, esse, parece estar à margem, à espera de um rei que, talvez, tenha uma visão diferente do que é servir a sua terra.
Quem são os 27?? Era bom.q se soubesse e, qto ganham…!