Nesta segunda-feira 3 janeiro, o Pavilhão Multiusos da Associação da Carapalha recebeu uma sessão pública que, à primeira vista, visava informar os moradores sobre o estado das obras no bairro. No entanto, a presença de várias figuras políticas, o alinhamento de técnicos e a postura do Presidente da Câmara de Castelo Branco, Leopoldo Rodrigues, fizeram com que o evento tivesse contornos mais próximos de uma campanha eleitoral dissimulada, que, embora não explicitada, estava claramente em marcha.

O auditório estava repleto, com a sala cheia de moradores, assessores de Rodrigues, membros da Junta de Freguesia e até com a presença de algumas figuras externas que pareciam dar peso político ao evento. O Presidente da Câmara, acompanhado por uma mesa de trabalho composta pela administradora dos Serviços Municipalizados de Castelo Branco, Sónia Mexia, e pelos técnicos Nuno Lourenço e Aníbal Natividade, iniciou a sessão com a abertura feita por José Perquilhas, presidente da Associação da Carapalha.

Leopoldo Rodrigues fez um balanço das obras realizadas no bairro, destacando o que já foi concluído, mencionando algumas obras em curso e apresentando projetos futuros. Embora a sua intervenção tenha sido formal e orientada para um discurso de execução, os projetos apresentados pareciam mais destinados a demonstrar ação do que propriamente a resolver as necessidades imediatas dos moradores. Alguns residentes aproveitaram a oportunidade para expressar as suas queixas e sugerir novas ideias para a melhoria do bairro, sendo ouvidos com atenção pelo presidente, que demonstrou uma postura democrata ao endereçar as questões aos técnicos presentes, sejam da Câmara ou externos.

A sessão, que à partida tinha como objetivo uma aproximação à comunidade, acabou por ser marcada por uma evidente utilização da máquina da Câmara e pelo reforço da estrutura partidária de Leopoldo Rodrigues, que, ainda que não tenha feito qualquer referência explícita a uma candidatura, parece ter aproveitado o evento para preparar o terreno para a sua futura campanha eleitoral. A apresentação de um elenco técnico de maior experiência, em comparação com a equipa inicial política do seu mandato, e a forma como as questões políticas foram tratadas, levantaram suspeitas sobre o caráter estratégico da sessão.

O que se tornou claro é que, com poucas obras concluídas e outras em andamento, Leopoldo Rodrigues tenta consolidar a sua imagem política no bairro, tendo em vista um futuro eleitoral que parece já estar a preparar. O evento, que poderia ter sido apenas uma simples prestação de contas, revelou-se uma oportunidade para Rodrigues reforçar a sua presença e dar visibilidade à sua ação política, num momento em que o bairro da Carapalha parece estar a ser cada vez mais o palco de um teatro político.
