O Primeiro-Ministro eslovaco, Robert Fico, manifestou publicamente o seu desagrado em relação ao Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, acusando-o de agir como um “mendigo” ao percorrer a Europa a pedir ajuda. Fico fez estas declarações durante uma audição na comissão parlamentar dos Negócios Estrangeiros, onde admitiu estar “farto” da postura persistente de Zelensky em solicitar apoio militar e financeiro aos aliados europeus para enfrentar a invasão russa, que dura há quase três anos.
A crítica de Fico surgiu no contexto das recentes ações de Zelensky, nomeadamente a decisão de cortar o fluxo de gás russo através do gasoduto Druzhba. Este gesto, que afetou diretamente a Eslováquia, gerou uma grande tensão entre os dois países. O corte unilateral de gás pela Ucrânia privou a Eslováquia de combustível mais barato e prejudicou uma das principais fontes de receita do país, resultando numa estimativa de perdas anuais de cerca de 500 milhões de dólares, conforme indicou o primeiro-ministro eslovaco.
A decisão de Zelensky de interromper o fornecimento de gás também foi interpretada por Fico como uma ação que compromete as finanças da União Europeia, uma vez que a Eslováquia, um dos países mais dependentes do gás russo, viu-se agora em dificuldades face à crise energética. Durante a audição, Fico sublinhou que, se a Ucrânia continuar a prejudicar os interesses da Eslováquia, este será um dos primeiros países a suspender qualquer ajuda humanitária a Kiev, tal como foi referido em relação a episódios passados, como o de 2008.
Fico também abordou a sua controversa visita a Moscovo, onde se encontrou com o Presidente russo Vladimir Putin. A viagem, que gerou críticas internas, teve como objetivo discutir alternativas para o fornecimento de gás russo, uma questão central para a Eslováquia devido à sua vulnerabilidade energética. No entanto, Fico não hesitou em justificar a posição russa, afirmando que Moscovo teve “as suas razões” para invadir a Ucrânia, o que gerou ainda mais controvérsia no contexto das tensões diplomáticas entre a Rússia e o Ocidente.
A postura de Robert Fico reflete um crescente descontentamento com as ações de Kiev e uma mudança no alinhamento da Eslováquia em relação ao conflito, enquanto o país enfrenta as consequências económicas da guerra e tenta encontrar soluções para os seus próprios desafios energéticos e financeiros.