A língua azul, doença viral que afeta ruminantes, já se espalhou por todos os distritos de Portugal continental, com exceção das regiões autónomas da Madeira e dos Açores, que permanecem livres do vírus. A Direção-Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV) confirma que os serotipos três e quatro do vírus estão presentes em todo o território continental.
A febre catarral ovina, conhecida como língua azul, não é transmissível a humanos, mas tem um impacto significativo na pecuária, especialmente entre ovinos e bovinos. Em Portugal, circulam atualmente três serotipos do vírus: BTV-4, identificado em 2004 e reaparecido em 2013 e 2023; BTV-1, presente desde 2007 com surtos até 2021; e o recentemente detetado BTV-3, reportado a 13 de setembro deste ano.
De acordo com os dados mais recentes, referentes à semana passada, foram identificadas 41 explorações de bovinos afetadas pelo serotipo três, envolvendo 102 animais sem registo de mortalidade. No caso dos ovinos, a situação é mais crítica, com 238 explorações e 11.934 animais afetados, resultando em 1.775 óbitos.
Évora e Beja são os distritos mais atingidos, com 90 e 76 explorações infetadas, respetivamente, seguidos por Setúbal, com 48, e Portalegre, com 20. A vacinação contra os serotipos um e quatro é obrigatória, mas no caso do serotipo três, a vacinação apenas está autorizada, não sendo mandatória.
Para enfrentar a propagação do vírus, o Ministério da Agricultura está a reforçar o apoio às organizações de produtores e planeia implementar um plano nacional de desinsetização. Este plano, além de combater o serotipo três da língua azul, visa também prevenir outras doenças transmitidas por insetos, como a doença hemorrágica dos bovinos.
O Governo, liderado pelo ministro José Manuel Fernandes, ainda não adiantou quando o plano de desinsetização será posto em prática, mas a medida é vista como crucial para controlar o avanço da doença e proteger a saúde animal no país.