O que poderá pensar de Macau, vista por uma «grande angular», de um português que viveu nessa península, “cantada” por escritores como Venceslau de Morais, Camilo Pessanha e Joaquim Paço d’Arcos, que sonharam e escreveram em Macau? Essa é, no fundo, a grande questão que, a partir de amanhã (6ª feira), em Lisboa, a exposição de fotografia de António Duarte Mil-Homens, «Macau, agora e sempre», coloca.

A primeira “visão”, através do jornalismo, parece-nos insuficiente, porque o noticiário e alguns dos artigos divulgados na imprensa portuguesa têm versado apenas sobre determinados factos, acompanhando os destaques da actualidade mas nunca a evolução dos acontecimentos. Até mesmo as reportagens voltadas para o turismo têm sido esporádicas e nem sempre realistas, para não falar dos fundamentos culturais, históricos ou literários, políticos ou de Macau.
A “visão” cultural que temos desta pequena península pode ser “vista” através da exposição de fotografia de António Duarte Mil-Homens, «Macau, agora e sempre», que se inicia no dia 13 de outubro, sexta-feira, pelas 18,30 horas, na Rua São Sebastião da Pedreira, 72, em Lisboa, e que estará patente até ao dia 17 de novembro de 2023.
Macau, como diz o fotógrafo, poeta e pintor Duarte Mil-Homens, marca-nos, indelevelmente. Seja pelos imprevistos que poderiam acontecer em qualquer outro lugar, seja pelo repetido cruzar com quem habita ou visita o território. Ou pelos momentos/detalhes que nos atraem o olhar e marcam a memória.
Esta é a limitada mostra de alguns desses lapsos temporais. Subjetivamente gravados na exposição “Macau, agora e sempre” que vem acrescentar algo à extensa bibliografia existente que nos revelam o passado e o presente macaense, sob vários ângulos, mas onde encontrá-los?
As imagens de António Duarte “falam” da língua de Macau (cantonês que prevalece em placas de informação, nos comunicados oficiais e na comunicação social, a par da língua portuguesa), da religião católica, tão frequentemente comum e da arquitectura em que o estilo oriental se funde com o português e se identifica com o da chamada “casa colonial” que os Lusitanos ergueram um pouco por todo o mundo.
António Duarte Mil-Homens convida-nos, através da imagem, a fazermos uma viagem por Macau. Para o fotógrafo, poeta e pintor, o encantamento de Macau reside na magnificência da Ruína de São Paulo, na mistura de cheiros das especialidades vindas do mundo todo, na tranquilidade da Fortaleza de Guia e no deslumbramento da vida noturna.
Na verdade, as fotografias de António Duarte Mil-Homens são a primeira imagem que refletem o modo como a cidade se reconhece.