As eleições venezuelanas do passado domingo continuam a suscitar dúvidas por parte da maioria da comunidade internacional. Nicolás Maduro acusa o Ocidente e os media de arrastarem o país para uma guerra civil. O porta-voz do Conselho de Segurança Nacional, John Kirby, alertou que a administração liderada pelo Presidente Joe Biden não considera que as eleições na Venezuela tenham sido democráticas, e avisa que os EUA estão “a perder a paciência”.
Nicolás Maduro acusa o Ocidente e os media de arrastarem o país para uma guerra civil. Diz ainda que os líderes da oposição devem ser colocados “atrás das grades”, acusando-os de ter “sangue nas mãos” devido às mortes nos protestos.
“Estas pessoas devem estar atrás das grades e deve ser feita justiça”, frisou Maduro, durante uma conferência de imprensa com correspondentes estrangeiros no palácio presidencial de Miraflores.
Maduro acusou a líder da oposição Maria Corina Machado e o seu candidato presidencial Edmundo Gonzalez Urrutia de terem “sangue nas mãos” após protestos mortais.
“Senhor Gonzalez Urrutia, mostre a sua cara, saia do esconderijo, não seja cobarde, dona Machado (…) tem sangue nas mãos”, apontou o chefe de Estado. São o mal da Venezuela (…) nunca chegarão ao poder”, acrescentou. A oposição, por seu turno, acusa aduro da morte de 16 jovens e quase 800 detidos: Maduro lança “assassínio, sequestro e perseguição”, acusa a oposição
O Presidente que se diz reeleito (contra os indícios) emprega violência para calar os que contestam a sua alegada vitória nas presidenciais de 28 de julho. Instâncias internacionais apelam ao fim da repressão
Entretanto, Nicolás Maduro apareceu na televisão, de Bíblia na mão, para insultar os jovens que protestaram esta semana, em 200 localidades venezuelanas, contra uma das maiores fraudes da história da América Latina. “Terroristas de extrema-direita”, “drogados” e “delinquentes”, chama-lhes o Presidente da Venezuela, embora tenham descido dos bairros populares da capital e de outras zonas humildes para reclamar o que creem ser uma vitória nas urnas. São a gente que a revolução bolivariana assegura defender.
O “Presidente povo”, um dos títulos que a propaganda atribui a Maduro, deixou claro que o contra-ataque chavista está em marcha. Ordenou até que se abrisse uma janela na aplicação governamental VEN App para os fiéis poderem delatar quem se manifesta, para mandá-los deter. Também decretou patrulhas militares e policiais em todas as cidades da Venezuela e “povo mobilizado na rua”.
Protestos assombram a Venezuela
A Venezuela regista desde segunda-feira protestos em várias regiões do país contra os resultados anunciados pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE). A mesma entidade proclamou oficialmente, na segunda-feira, Nicolás Maduro como Presidente para o período 2025-2031.
De acordo com os dados oficiais do CNE, Maduro foi reeleito para um terceiro mandato consecutivo com 51,2% dos votos, tendo obtido 5,15 milhões de votos. O principal candidato da oposição, Edmundo González, obteve pouco menos de 4,5 milhões de votos (44,2%), indicou o CNE.
O principal candidato da oposição, Edmundo González Urrutia, obteve pouco menos de 4,5 milhões de votos (44,2%), indicou o CNE.
Coontudo, a oposição venezuelana reivindica a vitória nas eleições presidenciais, com 70% dos votos para Gonzalez Urrutia, afirmou a líder opositora María Corina Machado, tendo tornadas públicas atas da larga maioria das mesas de voto para sustentar a reclamação.
EUA perdem paciência
Os EUA já alertaram que estão a “perder a paciência” à espera que as autoridades venezuelanas publiquem as atas que sustentam a vitória de Nicolás Maduro nas presidenciais, contestada pela oposição e não reconhecida por parte da comunidade internacional.
“A nossa paciência e a da comunidade internacional está a esgotar-se enquanto esperamos que as autoridades eleitorais venezuelanas sejam sinceras e publiquem os dados completos e detalhados destas eleições para que todos possam ver os resultados”, frisou o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional, John Kirby, esta quarta-feira em conferência de imprensa.
Kirby destacou que a administração liderada pelo Presidente dos Estados Unidos Joe Biden “partilha” as conclusões publicadas pelo Carter Center, organização norte-americana convidada pela Venezuela na qualidade de observador, que considerou que as eleições não foram democráticas.
O porta-voz garantiu que os protestos registados nestes dias na Venezuela se devem ao facto de “o povo venezuelano sair às ruas para exigir a contagem dos seus votos”, realçando que os populares “não podem ser culpados por isso”.
“A comunidade internacional está a observar e responderemos em conformidade”, garantiu. ONU, União Europeia (UE), Estados Unidos, Brasil, Colômbia, Chile, México, Argentina e Espanha, entre outros, pediram às autoridades eleitorais venezuelanas que publicassem os registos das votações para verificar a alegada vitória de Maduro.