Os incêndios que devastaram a região Norte em setembro deste ano causaram prejuízos significativos à agricultura, com mais de 900 agricultores declarando perdas totais de 3,6 milhões de euros. No entanto, devido ao limite de apoio definido pela Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-N), apenas 2,6 milhões de euros serão cobertos pelas ajudas regionais
Os dados, apurados através de um portal criado pela CCDR-N, apontam que o capital produtivo afetado atingiu 3,5 milhões de euros. Dentro deste montante, 287 mil euros referem-se à alimentação animal, enquanto as perdas relacionadas à morte de animais somaram 85 mil euros.
Os incêndios atingiram áreas correspondentes a 8.169 hectares parcelados, afetando diretamente 3.203 agricultores inscritos no sistema de parcelário agrícola. Foram identificadas 1.700 parcelas de terreno danificadas e 295 construções agrícolas destruídas.
Baião e Outros Concelhos Mais Prejudicados
Entre os concelhos mais afetados, Baião, no distrito do Porto, lidera com prejuízos declarados de 569 mil euros. Em seguida estão Resende (417 mil euros), Cinfães (381 mil euros), Vila Pouca de Aguiar (320 mil euros) e Cabeceiras de Basto (243 mil euros). Baião também se destaca no número de candidaturas apresentadas (156), seguido por Cinfães (133) e Resende (129).
No total, 69.830 hectares de terreno foram consumidos pelas chamas na região Norte, incluindo:
28.116 hectares de matos;
17.049 hectares de florestas de eucaliptos;
7.211 hectares de pinheiro-bravo;
Áreas menores de florestas de carvalhos, outras folhosas e resinosas, além de culturas temporárias.
Os incêndios de setembro, que também devastaram a região Centro, provocaram nove mortes, mais de 170 feridos e a destruição de dezenas de habitações.
Segundo o sistema europeu de observação terrestre Copernicus, entre os dias 15 e 20 de setembro arderam cerca de 135.000 hectares em Portugal continental, dos quais mais de 116.000 localizados no Norte e Centro. Essas regiões concentraram a maior parte dos danos ambientais e humanos provocados pelos fogos deste ano.
Apesar do esforço das autoridades para mitigar os impactos financeiros, muitos agricultores alertam que o teto máximo de apoio (seis mil euros por candidatura) é insuficiente para cobrir as perdas reais enfrentadas. A destruição de terrenos, equipamentos e animais, além do impacto emocional e social nas comunidades rurais, deixa claro que a recuperação será um desafio de longo prazo.
Este cenário ressalta a necessidade de medidas mais abrangentes de prevenção e resposta a incêndios, bem como de políticas que garantam apoio justo e eficaz aos afetados.