O silêncio do Presidente da República à comunicação social nesta quarta-feira, só foi quebrado ao final do dia, quando saiu do Palácio de Belém, a pé, para ir a um restaurante na zona. Marcelo resistiu: “hoje não falo”. Já na volta, a comer um gelado, foi falando da agenda no exterior até à próxima semana entre as tentativas dos jornalistas para se pronunciar sobre as relações institucionais com o primeiro-ministro, após a opção de António Costa em não aceitar a demissão do ministro João Galamba. É preciso ter calma, e não dar o corpo pela Alma”, disse. Manteve-se assim o comunicado do Presidente da República, onde ficou claro que não concorda com a decisão de António Costa.
Esta discordância gerou um frenesim entre os partidos da oposição, que se desdobraram em declarações e posições políticas durante toda esta quarta-feira, enquanto que o Governo estava em peso pelo distrito de Braga, onde realiza esta quinta-feira a reunião do Conselho de Ministros. João Galamba não foi de véspera mas estará presente no encontro semanal.
E, obviamente que as divergências com o Presidente da República sobre o caso Galamba, teve o seu pequeno momento. Questionado pela RTP se temia um telefonema do Presidente da República sobre eventual dissolução do parlamento ou mesmo a demissão do Governo, o primeiro-ministro disse nunca temer um telefonema do presidente e que “até é um gosto”.
Mas, entre elogios ao azul do céu, deixou um comentário: “a vida política é menos ficção e mais normal do que se possa pensar”.
Já em Lisboa, o líder do PSD, Luís Montenegro, não poupou palavras para acusar António Costa de “ter ensaiado fuga para frente a ver se provoca eleições antecipadas”. Em reação à sucessão de acontecimentos desta segunda-feira, Luís Montenegro diz que respeitará a decisão do Presidente da República, mas não revela pressa. “Não pedimos eleições mas não as recusaremos”, afirmou.
O presidente do Chega foi bem mais longe e defendeu a “dissolução da Assembleia da República”. Não hesitou em afirmar que o seu partido está “preparado para ser uma alternativa e para governar o país”.
“O que vimos foi um certo desequilíbrio emocional, precipitação política e uma vontade de confronto que me leva a perguntar novamente se está bem”, disse André Ventura.
A líder do Bloco de Esquerda, Catarina Martins, também disse que o partido está preparado “para qualquer cenário”, depois de admitir a “surpresa” com o conflito entre o presidente e o primeiro-ministro.
Os deputados únicos do PAN e do Livre defenderam que o cenário de realização de eleições antecipadas não é “bom para o país” nem a solução que os portugueses pretendem, lamentando as discordâncias públicas entre primeiro-ministro e Presidente da República.
O PCP também diz estar preparado para qualquer cenário. Paulo Raimundo sublinha que o mais importante é resolver os problemas da vida dos portugueses.