O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, homenageou esta sexta-feira o general António Ramalho Eanes, descrevendo-o como “um sábio atento ao presente e ao futuro” e destacando o seu papel fundamental na construção da democracia em Portugal.
Marcelo Rebelo de Sousa interveio na sessão de apresentação do livro Ramalho Eanes – Palavra que Conta, da autoria da jornalista Fátima Campos Ferreira, com prefácio escrito pelo atual chefe de Estado. O evento decorreu na Culturgest, em Lisboa, reunindo diversas figuras de relevo da política e da sociedade civil.
“O general Eanes denuncia o que se passa de errado, de frágil, de débil, no mundo e em Portugal, na política e nas Forças Armadas. Mas fá-lo num tom que é, acima de tudo, um apelo à esperança. Essa foi sempre a sua postura: oferecer aos portugueses uma palavra de confiança no futuro”, afirmou Marcelo Rebelo de Sousa.
Referindo-se à obra apresentada, o Presidente sublinhou que “esta palavra conta porque vem de alguém que viveu aquilo de que fala e que continua, incansavelmente, a servir Portugal”.
Um agradecimento ao homem e ao estadista
Marcelo classificou o momento como “um agradecimento e uma homenagem” a Ramalho Eanes, notando a presença de outro antigo Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, e de várias personalidades da política, incluindo José Pedro Aguiar-Branco, Luís Montenegro, Nuno Melo e Pedro Nuno Santos, bem como de muitos cidadãos anónimos que reconhecem o legado do general.
O chefe de Estado destacou ainda a capacidade de Eanes para conciliar o realismo com a esperança: “Que bom termos a sua palavra realista, de denúncia, mas também de esperança. Assim é mais fácil acreditar em Portugal”.
Marcelo anunciou ainda que, no próximo mês de janeiro, Ramalho Eanes será alvo de uma homenagem “de forma muito intensa”, por ocasião do seu 90.º aniversário.
Uma figura incontornável da democracia portuguesa
Nascido a 25 de janeiro de 1935, em Alcains, Castelo Branco, Ramalho Eanes foi o primeiro Presidente da República eleito por sufrágio universal em democracia, nas eleições presidenciais de 1976. Desempenhou dois mandatos consecutivos até 1986.
Com uma carreira militar marcada pela participação na Guerra Colonial e pelo comando operacional do 25 de Novembro de 1975 – momento decisivo para o encerramento do Período Revolucionário em Curso (PREC) –, Eanes teve um papel determinante na estabilização democrática do país.
Posteriormente, liderou o Partido Renovador Democrático (PRD), criado no final do seu segundo mandato presidencial, tendo conquistado uma posição relevante nas legislativas de 1985.
Um evento repleto de simbolismo
A sessão contou com discursos que celebraram a importância histórica e a ética inabalável de Ramalho Eanes. Além de figuras como o presidente da Assembleia da República, o presidente da Câmara Municipal de Lisboa e antigos dirigentes políticos, muitos cidadãos estiveram presentes para prestar tributo a uma das personalidades mais respeitadas da história recente de Portugal.
Com a sua postura ética, visão estratégica e compromisso com o país, António Ramalho Eanes continua a ser uma referência incontornável da democracia portuguesa.
