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Mariana Mortágua e Paulo Raimundo “dançaram a mesma música” e Inês Corte Real acusou Montenegro de machista

Neste domingo, em que o PS apresentou o programa eleitoral, o debate fez-se entre Luís Montenegro, da AD, e Inês Sousa Real, do PAN e entre Mariana Mortágua e Paulo Raimundo. Sousa Real acusou a AD de ser contra as mulheres e os animais e, numa atitude de vítima do machismo, acusou Montenegro de a interromper por ser mulher. Por sua vez, Montenegro colou o PAN ao PS e condenou as declarações de Gonçalo da Câmara Pereira. Já no debate entre os lideres do PCP e do BE houve convergências na habitação e questões laborais, com propostas próximas, mas também apareceram as divergências, nomeadamente, no que diz respeito à eutanásia e à guerra na Ucrânia

Aliados na Madeira, desalinhados na República. Inês Sousa Real desafiou Luís Montenegro a “desfazer” a AD para que possam dialogar. O presidente do PSD começou o debate à defesa devido às declarações machistas de um dos seus parceiros de coligação, mas a líder do PAN abusou do argumento de que estava a ser interrompida por ser mulher.

As acusações do PAN à AD de desvalorizar os direitos das mulheres aqueceram hoje o debate entre os dois líderes, com Inês Sousa Real a criticar Luís Montenegro por aceitar na coligação “alguém que ache legítimo bater numa mulher”

“Não podemos aceitar que a AD traga para o século XXI valores do século passado, alguém que ache legítimo bater numa mulher, o PAN só pode distanciar-se de um sinal muito negativo”, afirmou a porta-voz do PAN, Inês Sousa Real, numa alusão implícita a declarações proferidas publicamente pelo líder do PPM, Gonçalo da Câmara Pereira, que integra, juntamente com PSD e CDS-PP, a Aliança Democrática (AD).

Na resposta, o presidente do PSD distanciou-se destas declarações do parceiro da coligação, que disse não conhecer antes de terem sido reproduzidas na comunicação social.

“Não me revejo, lamento que essas declarações tenham sido proferidas e estou convencido que o próprio está arrependido”, disse, considerando “abusivo transportar para a AD” qualquer complacência sobre este tema.

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Inês Sousa Real insistiu que o voto na AD seria um voto para “silenciar as mulheres”, queixando-se de estar a ser interrompida no debate pelo líder do PSD, com Montenegro a apelar para não utilizar a sua condição feminina para se vitimizar.

O líder do PSD acusou a porta-voz e deputada única do PAN de estar descontextualizada, assegurando que não existe no programa da AD qualquer “desvalorização da condição da mulher”.

“Tenho defendido um especial enfoque na reformulação das urgências e, dentro destas, nas urgências de obstetrícia precisamente a pensar na saúde materna, área na qual resultados da governação do PS, ao qual a Inês Sousa Real se associou, são trágicos”, criticou.

Ao longo de todo o debate, foram duas as frases que se fizeram destacar. Inês Sousa Real proferiu várias vezes: “Estamos a ver a AD a silencias as mulheres”, e Luís Montenegro não concordando lá ia respondendo: “Eu não posso aceitar que diga uma coisa destas”.

“Eu acho que a Inês está descontextualizada. Está a ver um conjunto de perigos que não existem. Não existe nenhuma desvalorização da condição da mulher, pelo contrário. Estamos a pensar naqueles que são os resultados de uma governação à qual a Inês Sousa Real se associou aos últimos anos e que se tornaram trágicos para a vida das pessoas, das famílias, das mulheres e das crianças”, apontou o social-democrata.

Defesa dos animais não é exclusivo do PAN

“Sabe que a primeira lei de proteção dos animais tem o cunho do PSD, não sabe?”, perguntou Montenegro. Mas Inês não se deixou intimidar, respondendo de imediato: “Cunho esse que não tem honrado até aqui”.

“Essa sua tentativa de querer ver no programa na AD aquilo que não está no programa, sinceramente… é preciso fazer um debate com dignidade e verdade”, disse Montenegro.

Inês de Sousa Real defende que há um antes e um depois na Assembleia da República com PAN no que diz respeito aos direitos dos animais. Luís Montenegro discorda e pede que não fale de um legado que pertence ao PSD.

O PAN apontou que a AD defende “chacinas”, como a que aconteceu na Torre Bela, onde uma caçada originou a morte de centenas de animais. E Montenegro voltou a respondeu: “Não diga isso!”.

“A AD defende a descida do IVA para as touradas e que se continue a torturar animais numa arena. Para o PAN é essencial baixar o IVA da alimentação animal e dos serviços médico-veterinários”, explicou Inês Sousa Real.

Mas Montenegro não se deixou ficar: “Do ponto de vista com as preocupações do bem-estar animal, o PAN tem de correr muito”.

Forças de segurança e bombeiros

Questionado sobre a possibilidade de um pacto alargado para atribuição de subsídios às autoridades, Luís Montenegro acredita que tal não será possível antes das eleições. O líder do PSD, diz que “há um problema transversal na administração pública”, que inclui tanto as forças de segurança, como as forças armadas e bombeiros.

“É necessário criar um estatuto do bombeiro. Faz sentido que possamos estudar o modelo de carreira nos bombeiros”, afirmou Montenegro.

Inês de Sousa Real disse que um voto útil é votar no PAN. A porta-voz do PAN repetiu que o voto na AD será um “voto contra a proteção das mulheres, contra o bem-estar animal ou medidas para a sustentabilidade ambiental”.

Montenegro acusou Inês de se vangloriar “de ter conseguido na sua negociação com o PS conquistar alguns dos seus objetivos”. Sousa Real contestou.

A terminar o debate, Clara de Sousa questionou o líder da AD sobre a morte medicamente assistida, mais concretamente a eutanásia. Montenegro disse que se pronunciará depois da decisão do Tribunal Constitucional. “A segurança jurídica é importante”, rematou.

BE E PCP unidos na politica nacional

Unidos na perspetiva nacional, foi preciso chegar à questão internacional para ver algum despique no debate entre o Bloco de Esquerda e CDU, que foi transmitido pela SIC Notícias. Ambos entendem que é necessário aumentarem a votação de 2022 para impedir o PS de ter uma maioria absoluta, mas a visão sobre a guerra na Ucrânia e o envolvimento do Ocidente ameaçou o entendimento.

É que na visão de ambos, ainda que tenha sido o secretário-geral do PCP a afirmá-lo com mais clareza, a solução de 2015 é a mais próxima do ideal. Paulo Raimundo disse isso mesmo, sugerindo que o único voto útil é na CDU, porque “obrigará o PS a cumprir todas as promessas que está a fazer agora”.

O PCP quer, assim, reeditar a solução da famosa geringonça formada por António Costa, Catarina Martins e Jerónimo de Sousa. De resto, o líder comunista afirmou mesmo que esses tempos deram aos portugueses um dos melhores governos da democracia.

Questionado diretamente se admite um acordo por escrito com o PS, Paulo Raimundo disse que a única forma de haver avanços é constituir uma maioria no Parlamento “que obrigue o PS a vir”, prometendo que, como garantiu ter acontecido até aqui, tudo o que for feito de positivo vai ter o contributo da CDU.

Uma postura um pouco diferente da de Mariana Mortágua. É que se os comunistas não esclarecem a possibilidade de um acordo escrito com o PS, a coordenadora do Bloco de Esquerda lembrou que esse era um desígnio que pretendia para estas eleições, mas que o PS lhe respondeu com um não.

Sobre o apelo à maioria de Pedro Nuno Santos disse que a condição para derrotar a direita é a maioria do Partido Socialista. Paulo Raimundo e Mariana Mortágua discordam do secretário-geral do PS.

O líder do PCP considera que as maiorias se encontram na Assembleia da República e aproveita também para apelar ao voto único nos comunistas. “Voto na CDU é voto de protesto e soluções”, aponta.

Já Mariana Mortágua, que propôs um acordo pré-eleitoral ao PS, diz que o apelo de Pedro Nuno Santos é “esfarrapado” e afirma que tem como objetivo trazer toda a clareza antes das eleições, justificando que as “pessoas devem saber o que as espera no dia a seguir às eleições”.

Aumentar salário médio

“Sabemos como é possível subir o salário médio em Portugal”, disse, pedindo o fim da precariedade e a regulação dos contratos de trabalho, antes de afirmar que o silêncio do PS fala por si.

O perigo, concordaram de novo, é as semelhanças com o PSD. Isto porque Paulo Raimundo entende que há muitas semelhanças, e são elas que preocupam a CDU. Semelhanças em temas como os interesses dos grupos económicos, apontando exemplos de Banif ou BES.

Também não se distinguem, disse, na questão da legislação laboral: “Tudo o que tem que ver com salários, veja-se as posturas…”. “O PSD nunca faltou à chamada e o PS de facto roubou-lhe as bandeiras”, reiterou, dizendo que o PS é o PS que se apanhou com a maioria absoluta, com condições de governação, e até com dinheiro, mas que tomou as opções que tomou.

Necessárias regras para habitação

Em relação á habitação, BE e PCP também estiveram juntos a considerar que o problema não se resolve se não se resolverem as questões de fundo. “É sempre positivo ajudar quem não consegue pagar um empréstimo”, começa por dizer Mariana Mortágua. A líder bloquista considera as propostas dos outros partidos são de emergência e que não atacam a raiz dos problemas.

“Não há regras para controlar os preços das rendas, não há regras para baixar juros do crédito à habitação, não há medidas para aumentar a oferta”, continua Mariana Mortágua.

O mesmo pensa Paulo Raimundo, do PCP. As propostas dos adversários, segundo diz, deixam de fora todo os esforços os fundos imobiliários e a banca.

“Então estamos confrontados com a banca com 12 milhões de euros por dia e as pessoas apertadas?”, questionada Paulo Raimundo.

Separados pela Ucrânia

Um clima de união e entendimento que foi rompido por dois temas: primeiro a eutanásia. Foi Mariana Mortágua, numa clara intenção de se afastar da CDU – para ganhar votos ao rival? -, que lembrou as posições de ambos sobre a morte medicamente assistida.

A coordenadora do Bloco de Esquerda marcou o ponto, com Paulo Raimundo a limitar-se por dizer que esta é uma questão “muito complexa”, sem se querer alongar mais.

Mas na questão internacional há mesmo uma diferença marcada. Talvez não na Palestina – ambos parecem defender a causa do povo da Faixa de Gaza com os mesmos argumentos, mas certamente na Ucrânia e na questão da segurança europeia.

Se Paulo Raimundo sugeriu que a guerra na Ucrânia tem cinco atores, além de Ucrânia e Rússia, a CDU entende que também Estados Unidos, União Europeia e NATO são parte ativa. Mortágua não se alongou muito na questão, mas pediu que seja feito mais na questão da defesa europeia.

Quer a bloquista uma defesa europeia por si só, e não um alicerce que se baseie na Aliança Atlântica. Ainda assim há um ponto crucial que os difere: Mariana Mortágua afirmou que uma negociação de paz terá de incluir sempre a autodeterminação da Ucrânia.

Tal como fez na eutanásia, foi também Mariana Mortágua a querer marcar posição. O Bloco de Esquerda lembrou a dificuldade da CDU em criticar regimes como o chinês ou o angolano.

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