Ex-presidente de junta Tiago Mayan renuncia após admitir falsificação de assinaturas

Ex-candidato presidencial da Iniciativa Liberal afirma nunca ter se apropriado de fundos e pede desculpas à comunidade

Neste domingo, Tiago Mayan Gonçalves, conhecido por sua candidatura presidencial pela Iniciativa Liberal (IL), veio a público para afirmar que “nunca” se apropriou de quaisquer fundos públicos, mesmo após admitir a falsificação de assinaturas que o levou a renunciar ao cargo de presidente da União de Freguesias de Aldoar, Foz do Douro e Nevogilde, no Porto. O agora ex-presidente justificou suas ações como uma tentativa de evitar que associações comunitárias fossem prejudicadas por questões burocráticas.

Em carta enviada à Agência Lusa, Mayan Gonçalves expressou o que descreveu como seu verdadeiro propósito: “Os acontecimentos que conduziram à minha demissão não serviram de modo algum para meu benefício pessoal. […] Meu objetivo sempre foi permitir que as associações beneficiárias destes fundos não ficassem prejudicadas por falhas procedimentais, bem como assegurar a prossecução dos seus projetos em serviço da população e do interesse público.”

O escândalo veio à tona na quinta-feira, quando Mayan renunciou ao cargo de presidente da junta, após confessar ter falsificado assinaturas de membros do júri do Fundo de Apoio ao Associativismo Portuense em uma ata datada de 16 de setembro. Segundo ele, o ato tinha como objetivo dispensar o prazo de audiência prévia, uma medida imposta pela legislação que, em edições anteriores, não havia interferido nas decisões do fundo.

“Falha é minha, não deles”, diz Mayan em carta de desculpas

Em uma manifestação pública de arrependimento, Tiago Mayan lamentou a falta de discernimento que o levou ao ato “irrefletido e censurável”. Ele ainda fez questão de pedir desculpas aos envolvidos, mencionando a pressão que o episódio colocou sobre membros do júri, colegas de executivo, funcionários municipais e demais entidades envolvidas no processo.

“A todos devo as minhas sinceras desculpas. A falha é minha, não deles”, escreveu ele

Apesar de renunciar ao cargo e de ter retirado sua candidatura à liderança da Iniciativa Liberal, Mayan afirmou que pretende continuar como militante de base do partido, mas sem participação ativa nos próximos tempos. Rui Rocha, atual líder da IL, anunciou na sexta-feira a abertura de um processo disciplinar contra o ex-candidato presidencial, que pode levar à sua expulsão do partido.

Eleito com apoio de Rui Moreira e Iniciativa Liberal

Tiago Mayan Gonçalves foi eleito presidente da União de Freguesias de Aldoar, Foz do Douro e Nevogilde em setembro de 2021, alcançando 36,92% dos votos pelo movimento independente “Rui Moreira: Aqui Há Porto”, apoiado pela IL, CDS, Nós Cidadãos e MAIS. Na ocasião, sua vitória foi vista como uma extensão da influência do movimento independente no cenário portuense, além de fortalecer a presença da IL no governo local.

A confissão de falsificação de assinaturas e as consequências subsequentes, que incluem seu afastamento da corrida à liderança da Iniciativa Liberal, representam um capítulo turbulento na carreira de Tiago Mayan, conhecido por defender a ética e a transparência política.