O Chefe de Estado-Maior da Armada, Gouveia e Melo, entende que um militar não pode desobedecer a uma ordem superior, mesmo que corra risco de vida. Foi o que disse, olhos nos olhos, aos 13 militares que recusaram a missão do navio Mondego por questões de segurança.
“Entrava água no navio-patrulha Mondego e o único motor operacional da embarcação necessitava de manutenção há cerca de 2000 horas”. Estas são algumas das justificações dadas pelos 13 militares do navio Mondego ao almirante Henrique Gouveia e Melo, para o incumprimento, no passado sábado, da missão de acompanhamento de um navio russo ao largo de Porto Santo, na Madeira.
Segundo a Marinha, esta missão não foi cumprida por nenhum outro meio e, revelou entretanto que se tratava de um navio espião.
Os 13 militares recusaram embarcar por considerarem que a embarcação não reunia condições de segurança para a tripulação. Há vários vídeos e fotografias da água no interior do navio, algumas das quais ORegiões também teve acesso.
Mas, o almirante Gouveia e Melo entendeu apenas e só que se tratou de um ato de insubordinação.
Sem grande demora, o chefe de Estado-Maior da Armada foi esta quinta-feira à Madeira para reunir com os 13 militares.
Gouveia e Melo já tinha afirmado que “um acto de insubordinação nas Forças Armadas é um acto com uma gravidade muito grande”, e tomou medidas muito duras. Gouveia e Melo deu ordem para substituir os 13 militares já partir desta quinta-feira, com um processo disciplinar. O caso está sob investigação da Policia Judiciária Militar, que começa a ouvir os militares envolvidos a partir da próxima segunda-feira.
Gouveia e Melo diz que este caso vai “ficar para a história” em nome do respeito pelas hierarquias militares, mesmo que haja risco de vida.
“As hierarquias foram criadas porque há necessidade das forças militares que trabalham sob stresse, em risco de vida em sistemas complexos serem altamente disciplinadas e quando nós quebramos a disciplina estamos a quebrar basicamente a essência das Forças Armadas e nós não podemos permitir isso. Nós militares e muito menos eu enquanto comandante da Marinha não vou permitir que isto se alastre, passe despercebido e escondido debaixo do tapete. Eu não posso esquecer.”
Afirmando que não gosta de mandar recados, o comandante da Marinha disse que quando teve um evento idêntico no passado recente foi à unidade dizer claramente o que pensava sobre o evento. “Agora vim à unidade à frente dos homens que executaram o evento, dizer-lhes nos olhos cara a cara o que pensava sobre o evento”, sublinhou Gouveia e Melo.