O Ministério da Cultura está em processo de análise das possíveis soluções para o futuro do Mosteiro de Santa Clara-a-Nova, em Coimbra, que se encontra atualmente numa fase de transição para ser transformado num hotel.
Num comunicado divulgado nesta quarta-feira, o Ministério da Cultura declarou estar “a analisar as soluções possíveis” para o Mosteiro de Santa Clara-a-Nova, um espaço que desempenha um papel central na bienal Anozero e que agora se encontra numa trajetória de conversão para um estabelecimento hoteleiro.
“O Ministério da Cultura está a ponderar as alternativas disponíveis, considerando as limitações decorrentes dos compromissos já estabelecidos”, afirmou uma fonte oficial do gabinete de Dalila Rodrigues, em resposta escrita à agência Lusa, quando questionada sobre a possibilidade de revisão do processo pelo atual Governo.
“A ministra da Cultura tem mantido contacto com o diretor da Bienal, bem como com o ministro da Economia, desde a sua tomada de posse em 2 de abril, reconhecendo que a bienal Anozero se harmoniza com os aspetos histórico-artísticos do monumento, apesar da necessidade de reabilitação”, sublinhou uma fonte ministerial.
O presidente da Câmara Municipal de Coimbra, José Manuel Silva, expressou a disposição da autarquia em considerar todas as opções que possam trazer investimento para reabilitar o Mosteiro de Santa Clara-a-Nova e redirecioná-lo para outras finalidades, como a integração da bienal.
“A possibilidade de alguém conseguir investimento público para restaurar o Mosteiro de Santa Clara-a-Nova e destiná-lo a outros fins, nomeadamente à bienal, seria muito bem recebida por nós”, afirmou.
A 10 de abril, a Turismo de Portugal confirmou que a empresa Soft Time venceu o concurso público para a concessão e transformação do Mosteiro de Santa Clara-a-Nova num hotel de cinco estrelas, uma decisão que gerou preocupação entre os organizadores da bienal de arte contemporânea de Coimbra Anozero, que tem no Mosteiro um dos seus principais espaços de programação.
Em resposta a esta situação, a tutela lamentou a falta de menção à bienal Anozero no processo de transição, indicando que isso demonstra a irreversibilidade da decisão tomada pelo anterior executivo.
O Ministério da Cultura lembrou que foi o Governo anterior, liderado pelo PS, que optou por transformar o Mosteiro numa unidade hoteleira, no âmbito do programa Revive, comprometendo assim a continuidade da bienal Anozero naquele espaço.
Com o desenrolar deste processo, o futuro da bienal Anozero no Mosteiro de Santa Clara-a-Nova permanece incerto, suscitando preocupações entre os agentes culturais e o público em geral, que expressaram o seu apoio à continuidade do evento através de uma carta aberta dirigida às autoridades competentes.