O ministro das Finanças de Israel, Bezalel Smotrich, anunciou esta segunda-feira que Israel deve avançar com a anexação total da Cisjordânia, na sequência da vitória de Donald Trump nas eleições presidenciais dos Estados Unidos. Durante uma reunião do Partido Sionista Religioso, Smotrich, que também ocupa funções de ministro-adjunto da Defesa, declarou que tanto Gaza como a Cisjordânia serão “definitivamente retiradas” ao controlo palestiniano, prometendo o avanço imediato da soberania israelita sobre a região de Judeia e Samaria (designação bíblica usada por Israel para a Cisjordânia).
Smotrich referiu-se à nova administração norte-americana como uma “oportunidade importante” para retomar o projeto de anexação, que, segundo ele, foi travado pelo governo anterior dos Estados Unidos. “2025 será o ano da soberania na Judeia e Samaria,” afirmou, demonstrando o entusiasmo pela possibilidade de integração completa dos colonatos israelitas na Cisjordânia, consolidando uma política de expansão apoiada pelo primeiro-ministro Benjamin Netanyahu e pelo exército israelita.
Para preparar o terreno para a anexação, o exército israelita já delegou significativos poderes administrativos aos colonos sob a liderança de Smotrich, o que foi qualificado por especialistas jurídicos como uma anexação “de facto”. Segundo Smotrich, os órgãos militares e administrativos estão a implementar as infraestruturas necessárias para assegurar o controlo direto da região, apoiando-se na designação de áreas militares e reservas naturais, que têm sido usadas para expulsar residentes palestinianos e expandir a presença israelita.
A ONG israelita Peace Now condenou a proposta de Smotrich, alertando para as graves consequências de uma anexação total, que, na sua opinião, serve apenas “uma minoria messiânica” e mergulhará Israel em conflitos contínuos e destruição. Israel tomou a Cisjordânia e Jerusalém Oriental durante a Guerra dos Seis Dias, em 1967, e desde então mantém uma ocupação militar, promovendo colonatos cuja legalidade é contestada pela comunidade internacional e pelo Tribunal Internacional de Justiça.
Esta declaração acontece numa altura de crescentes tensões regionais e reforça a divisão entre Israel e os palestinianos, enquanto o parlamento israelita continua a restringir atividades de organizações internacionais no país, endurecendo a sua posição sobre a política de colonatos e o futuro da Cisjordânia.