Luís Montenegro “atira” para cima de Pedro Nuno Santos a total responsabilidade pelo impasse nas negociações do Orçamento de Estado. O Primeiro-ministro diz estar a tentar marcar uma reunião com o líder do PS desde dia 4 de setembro, mas sem sucesso. O líder do PS, por seu turno, diz que a reunião marcada para a semana passada foi cancelada pelo Governo. Ou seja, estamos a assistir a ”uma guerra de galos”…
O primeiro-ministro, Luís Montenegro, queixou-se este domingo, 22 de setembro, de que está a tentar marcar uma reunião com o secretário-geral do PS sobre o Orçamento do Estado para 2025 desde 4 de setembro, alegando que tal não aconteceu até agora devido “à indisponibilidade recorrente” de Pedro Nuno Santos.
Em comunicado do gabinete do primeiro-ministro, Luís Montenegro assegura estar “desde a primeira hora plenamente empenhado no processo de negociação para a aprovação do Orçamento do Estado para 2025”.
“Nesse sentido, e no seguimento de contactos anteriores entre as delegações, o primeiro-ministro está, desde 04 de setembro, a tentar marcar uma reunião com o secretário-geral do Partido Socialista. Porém, até agora isso não aconteceu devido à indisponibilidade recorrente do secretário-geral do Partido Socialista”, refere o comunicado.
Segundo o gabinete do chefe do Governo, essa reunião entre os dois “chegou a estar agendada para o passado dia 18, tendo o primeiro-ministro reiterado disponibilidade para manter a reunião, não obstante ter cancelado todos os outros compromissos na agenda durante esta semana, devido ao foco necessário para acompanhar a situação dos incêndios”.
“No entanto, o Secretário-Geral do Partido Socialista desmarcou essa reunião. Desde esse dia, foram oferecidas disponibilidades para reunir no dia de hoje, ou de amanhã, ou de terça-feira, data em que o primeiro-ministro rumará a Nova Iorque, onde participará na Sessão de Alto Nível da Assembleia-Geral dias 25 e 26, numa participação que foi encurtada devido à situação dos incêndios e das consequências dos mesmos”, acrescenta o comunicado.
Segundo Luís Montenegro, Pedro Nuno Santos “transmitiu apenas ter disponibilidade a partir do dia 27, 23 dias depois do pedido de reunião da iniciativa do primeiro-ministro”.
“Esta explicação visa terminar com especulações e esclarecer devidamente os portugueses que se interrogam acerca do impasse em que se encontra o diálogo entre o Governo e o principal partido da oposição, esperando que ele se ultrapasse o mais cedo que for possível”, refere o texto.
PS diz que reunião foi desconvocada pelo Governo
Em resposta ao primeiro-ministro, o líder do Partido Socialista diz que as reuniões “têm sido alvo de contacto entre as duas partes” e que as agendas “não permitiram esse agendamento”.
Ao contrário do que diz Luís Montenegro, o PS refere que a reunião marcada para a semana passada foi “cancelada pelo Governo”, depois de o PS ter “exigido que da mesma fosse dado conhecimento público prévio”.
“O PS aguarda a disponibilidade do Governo para reunir e, nesse quadro, apresentar as suas propostas e leitura do quadro orçamental partilhado pelo governo, tal como combinado na última reunião entre as delegações do PS e do Governo”, afirma.
No meio deste ”disse que não disse”, o primeiro-ministro já acusou o PS de estar a fazer uma birra e arranjar pretextos para dificultar entendimentos. Ao que Pedro Nuno Santos responde que não é birra querer ter todos os dados orçamentais que ainda não foram apresentados.
Pedro Nuno Santos desconfia das previsões. Garantiu disponibilidade para discutir mas deixou claro que para o PS há linhas vermelhas que não são apenas “birras”.
O Orçamento do Estado para 2025 tem de ser entregue no Parlamento até 10 de outubro. Em contrarrelógio, o Governo tenta chegar a acordo para que o documento seja aprovado e retoma as negociações na terça-feira.