O escritor Kenzaburo Oe morreu no passado dia 3 de março de causas naturais, anunciou esta segunda-feira a editora japonesa do Prémio Nobel da Literatura, Kodansha. Oe ganhou o Prémio Nobel da Literatura em 1994, tornando-se o segundo autor japonês a alcançar essa distinção.
Num comunicado, a editora sublinhou que Oe “morreu de velhice” e que a família já realizou, entretanto, o funeral do escritor, um ícone japonês progressista e inconformista.
Nascido em 1935, numa remota aldeia da ilha de Shikoku, no sudoeste do Japão, no meio de uma vasta floresta, cenário que utilizaria frequentemente no seu trabalho, Oe estudou literatura francesa na Universidade de Tóquio.
Na sua obra, denunciou a violência infligida aos fracos e manifestou-se contra o conformismo da sociedade japonesa moderna.
Quando ganhou o Prémio Nobel da Literatura em 1994, o júri elogiou o escritor como alguém “que, com grande força poética, cria um mundo imaginário onde vida e mito se condensam para formar um quadro confuso da atual frágil situação humana”.
Pouco tempo depois de arrecadar o prémio, Kenzaburo recusou a Ordem da Cultura, uma distinção japonesa atribuída pelo imperador, algo que causou polémica. “Não posso reconhecer nenhuma autoridade, nenhum valor superior à democracia”, justificou.