A Rússia anunciou ontem que responderá às novas sanções impostas pelos Estados Unidos, em colaboração com o Reino Unido, contra o seu setor energético, destacando que continuará a ser um ator confiável no mercado global de hidrocarbonetos. O Kremlin declarou que as ações dos Estados Unidos, descritas como as mais severas desde o início da guerra na Ucrânia, não ficarão sem consequências.
As sanções, anunciadas na última sexta-feira, visam restringir as receitas russas provenientes do petróleo e do gás liquefeito, áreas fundamentais para a economia do país. Em reação, o Ministério dos Negócios Estrangeiros da Rússia afirmou, através de um comunicado no Telegram, que a Rússia planeia ajustar a sua estratégia económica externa em resposta às pressões norte-americanas, mantendo o foco em grandes projetos de extração de hidrocarbonetos e no desenvolvimento de tecnologias e infraestruturas no setor energético, incluindo a construção de centrais nucleares em países terceiros.
Moscovo afirmou ainda que, apesar das sanções, continua a considerar-se um “participante chave e confiável no mercado global de combustíveis” e que irá continuar a procurar alternativas para contornar as restrições impostas. A diplomacia russa salientou que, mesmo face às tentativas de Washington de enfraquecer a economia do país, a Rússia tem demonstrado uma notável capacidade de resiliência, conseguindo não só sobreviver, mas também continuar a desenvolver-se sob as pressões externas.
Além disso, o Kremlin não hesitou em criticar a atual administração dos Estados Unidos, liderada por Joe Biden, acusando-a de tentar criar um “rastro de terra arrasada” que dificultará qualquer tentativa futura de reverter as sanções, mesmo com a possível vitória de Donald Trump nas eleições presidenciais de 2024. O ministério russo argumentou que, caso Trump vença, ele não conseguirá revogar as sanções sem a aprovação do Congresso, o que sublinha a complexidade do cenário político e económico em que a Rússia se encontra.
Por fim, o Kremlin reagiu às declarações dos responsáveis norte-americanos, que consideraram as novas sanções como um golpe direto à “máquina de guerra” de Moscovo, no contexto da invasão da Ucrânia. As sanções têm o objetivo de cortar as fontes de financiamento do Kremlin, o que poderá afetar a economia russa em milhares de milhões de dólares por mês, segundo estimativas.
A Rússia, apesar das dificuldades impostas pelas sanções ocidentais, mantém a confiança na sua capacidade de adaptação e resiliência, com um claro compromisso de continuar a sua posição estratégica no mercado de energia global.