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Município de Idanha-a-Nova vai gastar 375 mil euros a comprar barracão abandonado

Comprometido com o assunto, Armindo Jacinto passa batata quente para Idalina Costa

O assunto é melindroso, tem contornos pouco claros e suscita as maiores reservas, a ponto de a própria oposição preferir remeter-se ao silêncio quanto ao mesmo, depois de contactada para o efeito pelo O Regiões. «Leiam os meus comunicados. Penso que isso é evidente», afirmou José Adelino Gameiro, vereador do MOV. PT, claramente desconfortável com a questão

Apesar de em Penha Garcia, de onde é natural José Adelino Gameiro, bem como Armindo Jacinto, presidente da Câmara Municipal de Idanha-a-Nova, poucos quererem falar em público sobre o tema, em surdina o assunto está na ordem do dia em conversas informais entre vizinhos e amigos, e nas redes sociais os comentários avolumam-se. «Escandaloso», dizem uns. «Uma vergonha!», atiram outros. «Vale tudo para esta gente», afirmam muitos.

Com efeito, segundo o que O Regiões conseguiu apurar, não se tem falado noutra coisa, nas últimas semanas, na pequena localidade de Penha Garcia. Esta remota freguesia raiana, antiga e importante vila templária, que conta hoje com pouco mais de 500 eleitores, idosos na sua maioria, e onde nas últimas décadas não só foi desaparecendo população, mas foram também fechando as portas estabelecimentos comerciais e empresas, à mingua de empregos e de actividades económicas geradoras de riqueza, assemelha-se hoje a uma aldeia fantasma: sem gente, sem movimento, sem vida! 

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Ainda assim, a Câmara Municipal de Idanha-a-Nova decidiu aprovar, em reunião realizada no passado dia 22 de Agosto, a aquisição de um barracão localizado nas imediações da freguesia, num perímetro não habitacional designado por zona industrial, apesar da manifesta ausência de indústria no local, pela quantia de 375 mil euros.

A proposta foi apresentada pela Vice-presidente, Idalina Costa, que não deu qualquer justificação para a necessidade de aquisição, nem apresentou qualquer proposta de utilização futura. Do mesmo modo, tal como sabe O Regiões, Idalina Costa não entregou na reunião qualquer avaliação, ou estudo comparativo imobiliário. A Vice-presidente limitou-se a submeter a proposta de aquisição, pelo valor de 375 mil euros, proposta essa que acabou por ser aprovada, apesar dos votos contra dos vereadores da oposição, Vera Caroço e José Adelino Gameiro. É que, apesar do vereador do PS João Carlos de Sousa se encontrar ausente, o que na prática corresponderia a um empate (2 votos do PS, contra 2 votos da MOV. PT) a proposta foi aprovada com o voto de qualidade da presidência.

O assunto foi trazido a público de imediato pela oposição, numa publicação na sua página de Facebook, onde se afirma: «Na mesma reunião, foi ainda proposta a aquisição, por parte do Município, de um pavilhão usado e com alguns anos de utilização, na Zona Industrial de Penha Garcia, por um valor de 375.000,00€, sem que tenha chegado ao conhecimento dos Vereadores, qualquer avaliação deste imóvel. Em face dos contornos desta proposta de aquisição, da ausência de avaliação e da falta de justificação dos valores envolvidos, os Vereadores do Mov.PT, expressaram o seu voto contra, embora a proposta tenha sido aprovada com recurso ao voto de qualidade».

Conforme O Regiões conseguiu apurar, junto de residentes e naturais de Penha Garcia, o referido barracão abandonado, construído em terrenos cedidos gratuitamente pela autarquia para o efeito, terá pertencido a Moisés Gaspar, agricultor recentemente falecido e tio da mulher do Presidente da Câmara Municipal, Bela Gaspar. Segundo as mesmas fontes, o barracão serviu de armazém e comércio de rações para animais, numa sociedade entre o referido agricultor e o seu genro, José Manteigas, agente de seguros com actividade em Castelo Branco, e com quem Armindo Jacinto poderá ter previstos alguns negócios imobiliários, facto que estará na origem de ter sido Idalina Costa, Vice-presidente da autarquia, e não o Presidente da Câmara, a apresentar a proposta de aquisição. Tanto que, conforme O Regiões soube junto de fonte ligada à autarquia, durante a reunião Idalina Costa apresentava-se visivelmente desconfortável com a apresentação deste ponto, manifestando uma perfeita ignorância relativamente aos contornos do negócio, e só terá aceitado fazer este frete ao Presidente na expectativa de o mesmo lhe poder “pagar” o favor na constituição das listas para as eleições autárquicas.  

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