Instalado na Casa do Passal, carinhosamente chamada pela população local como Casa do Doutor Aristides, o Museu Aristides de Sousa Mendes vai ser inaugurado no dia 19, em Cabanas de Viriato, Carregal do Sal, onde há 139 anos nasceu aquele cônsul que ajudou a salvar milhares de refugiados na II Guerra Mundial.
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, deverá estar presente, no próximo dia 19 de julho, na inauguração do Museu Aristides Sousa Mendes, que abre ao público no dia seguinte.
Numa nota de imprensa, a Câmara Municipal de Carregal do Sal liderada por Paulo Catalino Ferraz refere que este é o “renascer da Casa do Passal, lugar que guarda as memórias da família Sousa Mendes”.
“Memórias perpetuadas agora num local emblemático onde será retratada, a vida, o Homem e, em particular, o ato de heroísmo e o impacto do mesmo na história nacional e internacional”.
Do programa consta uma visita ao interior do museu, a inauguração de uma estátua de Aristides de Sousa Mendes, um almoço nos jardins da Casa do Passal e, ao final do dia, no Centro Cultural de Carregal do Sal, o espetáculo “Aristides – O Concerto”.
“Na véspera, dia 18 de julho, será realizada uma homenagem mais reservada, na Casa do Passal, por parte dos familiares de Aristides de Sousa Mendes e por descendentes de sobreviventes que receberam vistos das mãos do diplomata”.
Desse programa faz parte uma visita dos convidados ao museu e um jantar nos jardins do museu, também requalificados, seguido de um tributo a Aristides de Sousa Mendes, “Ecos do Passal”, no Centro Cultural de Carregal do Sal.
O Museu Aristides de Sousa Mendes abre portas ao público a partir de dia 20 para “evocar os valores da tolerância e da paz, perpetuando o legado e a memória de Aristides de Sousa Mendes”.
“A Casa do Passal, carinhosamente chamada pela população local como Casa do Doutor Aristides, foi a casa da família do diplomata. Por ela, também passaram inúmeros refugiados, acolhidos durante a viagem de fuga do Holocausto”.
O imóvel, construído no século XIX e ampliado nas primeiras décadas do século XX, foi classificado como Monumento Nacional em 2011 e, ao longo dos anos, “foi sendo alvo de pequenas e grandes intervenções” para a manter de pé.
O atual executivo, presidido por Paulo Catalino Ferras, desde 2021, investiu na Casa do Passal “mais de 3,5 milhões de euros” para a sua requalificação, musealização e ainda nos arranjos exteriores, um valor que contou com apoios comunitários.
Condenado por Salazar
Aristides de Sousa Mendes nasceu, em 19 de julho de 1885, em Cabanas de Viriato, Carregal do Sal, distrito de Viseu, licenciou-se em Direito pela Universidade de Coimbra e seguiu a carreira diplomática desempenhando funções em vários países.
No início da II Guerra Mundial exercia o cargo de Cônsul-Geral de Portugal em Bordéus e, em junho de 1940, na sequência do avanço alemão em território francês, milhares de refugiados juntaram-se naquela cidade.
Foi precisamente em Bordéus que, contrariando de forma absolutamente consciente as ordens do Governo português, Aristides de Sousa Mendes decidiu emitir milhares de vistos para atravessarem Espanha e entrarem em Portugal, salvando-os da perseguição nazi.
“Um gesto de coragem e de humanismo que continua a ser admirado e celebrado como uma das maiores ações de salvamento empreendida por uma só pessoa. No entanto, o ato heroico originou a condenação disciplinar e o fim da sua carreira”.
O diplomata morreu em Lisboa, em 03 de abril de 1954, e foi considerado um ‘Justo entre as Nações’, condecorado a título póstumo com a Grã Cruz da Ordem da Liberdade, pelo Presidente da República em 2017 e, desde outubro de 2021, tem honras de Panteão Nacional.