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Nobel da Economia Exige Reforma Urgente da Banca Global para Evitar Novas Crises

O prémio Nobel da Economia Simon Johnson alerta para o risco de uma nova crise económica global, caso não se concretizem reformas profundas no setor bancário e no sistema financeiro mundial. Para o economista, o poder excessivo dos grandes bancos compromete a estabilidade económica e o bem-estar social.

Simon Johnson, que recentemente foi distinguido com o Prémio Nobel da Economia de 2024, defende há vários anos que os bancos de grandes dimensões acumulam um poder desproporcional e exercem influência que mina a capacidade de governantes tomarem decisões independentes. Em 2011, em coautoria com o historiador James Kwak, publicou o livro “13 Bankers”, no qual denuncia o domínio das grandes instituições bancárias norte-americanas, como a JP Morgan e a Goldman Sachs, sobre o governo dos Estados Unidos, influenciando políticas e decisões de múltiplos presidentes. Os autores apontam ainda que este poder foi crucial na origem da crise financeira de 2007-2009, cuja repercussão económica se fez sentir globalmente.

Johnson defende que os chamados “megabancos” são demasiado grandes e poderosos, e não devem representar mais de 3% do Produto Interno Bruto de um país, de modo a evitar um impacto devastador em caso de falência. Na sua análise, estes bancos não só são “grandes demais para falir” como também se tornaram “grandes demais para o bem comum”. Apesar de críticas e pedidos de reformas regulatórias, Johnson acredita que o setor financeiro mundial está, mais de uma década após a crise, estruturalmente semelhante ao que era em 2006, antes da recessão.

Em 2023, numa entrevista ao podcast do economista Tyler Cowen, Johnson reforçou a sua preocupação com a concentração de poder nas mãos de poucas instituições financeiras e alertou para o risco de contágio noutros setores do sistema financeiro. Considera o setor bancário como intrinsecamente problemático e fonte de riscos para a sociedade, independentemente do modelo que se adote.

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Recentemente galardoado pela Real Academia Sueca de Ciências, juntamente com Daron Acemoglu e James A. Robinson, Simon Johnson tem-se dedicado ao estudo do impacto das instituições sociais na prosperidade das nações. No seu mais recente livro, “Poder e Progresso”, coescrito com Acemoglu, analisa o impacto do desenvolvimento tecnológico e da acumulação de riqueza. Para ambos, é fundamental que a inovação tecnológica promova o bem-estar coletivo e que os seus benefícios sejam distribuídos de forma justa, evitando a monopolização pela elite.

Johnson critica ainda a visão “tecno-otimista”, que presume que a tecnologia trará automaticamente benefícios para todos. Refere estudos de Acemoglu e Pascual Restrepo, que alertam para o impacto da automação na substituição de trabalhadores, sem ganhos significativos de produtividade ou melhoria salarial. Para Johnson, a introdução de tecnologias como as máquinas de ‘self-service’ nos supermercados reduz os postos de trabalho sem aumentar a eficiência, prejudicando a sociedade.

Numa entrevista recente à France Presse, Simon Johnson apontou ainda a falta de resultados visíveis para as populações como um dos grandes problemas das democracias modernas, advertindo para o risco de deixar o progresso da tecnologia e da inteligência artificial nas mãos de gigantes tecnológicas (‘big tech’), que se focam mais nos seus lucros do que no bem comum.

O economista, que já em 2010 causou polémica ao prever uma possível bancarrota de Portugal, destaca a urgência de políticas que regulem de forma justa o setor bancário e o desenvolvimento tecnológico. Segundo Johnson, sem uma intervenção robusta e eficaz, as democracias podem continuar a falhar em produzir benefícios tangíveis para os cidadãos, comprometendo a própria estabilidade social e económica.

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