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O Arraial da Política: Tachos e Trapaças

Vivemos numa época em que a política se tornou um verdadeiro arraial, onde os fogos de artifício das promessas eleiçoeiras iluminam um céu carregado de hipocrisia e cinismo. É um espetáculo tão fascinante quanto deprimente, onde os políticos dançam ao ritmo de interesses pessoais, enquanto o povo, já resignado, assiste a esta tragicomédia sem fim.

No grande palco da política lusa, os cargos públicos são disputados com a intensidade de uma tourada, mas ao invés de touros e forcados, temos cobras astutas e serpentes rastejantes, todos ansiosos por um lugar ao sol – ou melhor, por um tacho dourado. Sim, porque na política, o mérito é tão escasso quanto a honestidade. Aqui, quem grita mais alto, quem faz as promessas mais grandiosas e, sobretudo, quem tem as amizades certas, é quem acaba por levar a melhor.

Os “tachos”, meus caros, são o verdadeiro prémio nesta dança política. Não são apenas lugares de carreira, mas sim tronos bem acolchoados, onde os salários são temperados com acordos de bastidores que fariam corar qualquer jogador de póquer. É a sobrevivência do mais astuto, onde a regra de ouro é: “mantém os amigos por perto e os inimigos ainda mais perto”, tudo em nome da “causa pública”.

Enquanto isso, as ruas fervilham com manifestações de toda a espécie. Há arraiais para todos os gostos e cores, desde os desfiles LGBT+ até às marchas pela liberdade de expressão. Mas não nos enganemos – o verdadeiro desfile ainda está por vir: o grande arraial dos políticos, onde todos marcharão de mãos dadas, disfarçando as suas ambições de poder sob o manto da inclusão e da igualdade.

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Imaginemos este cenário absurdo: um arraial LGBT+P, onde a última letra da sigla representa os políticos, finalmente saídos do armário do cinismo. Ali estariam, lado a lado com as bandeiras arco-íris, exibindo os seus sorrisos ensaiados e proferindo slogans de conveniência, prontos para mudar de discurso ao sabor do vento. Seria um espetáculo multicolor, mas, ao mesmo tempo, uma celebração da velha arte do engano.

E que dizer da juventude que assiste a tudo isto? Ao ver os seus “heróis” a prosperar à custa do sistema, muitos jovens começam a sonhar com o dia em que também poderão dançar neste circo de horrores. Afinal, quem não gostaria de ter o poder de decidir quem ganha e quem perde, de manipular a verdade, e de viver confortavelmente às custas do erário público? É a geração dos “futuros políticos”, que já ambiciona o sucesso fácil, sem escrúpulos, seguindo os passos daqueles que nos governam com desdém.

No fim, o que resta ao povo é uma amarga constatação: neste arraial, as promessas são tão voláteis quanto o tempo de antena, e os problemas reais do país são empurrados para debaixo do tapete, como o lixo antes de uma visita inesperada. Os políticos continuarão a sua dança, mudando de discurso conforme o toque da corneta, enquanto nós, espectadores resignados, assistimos a este espetáculo de trapaças, onde a única certeza é que, no fim, seremos sempre nós os enganados.

E assim, o arraial dos tachos prossegue a sua marcha, firme e forte, rumo a um futuro onde a sátira continuará a ser a única forma de sobrevivermos à falta de substância que caracteriza a nossa vida política. É o arraial dos interesses, onde a festa nunca acaba e onde, no fim, quem paga a conta é sempre o mesmo – o povo.

 

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Fernando Jesus Pires
Fernando Jesus Pireshttps://oregioes.pt/fotojornalista-fernando-pires-jesus/
Jornalista há 35 anos, trabalhou como enviado especial em Macau, República Popular da China, Tailândia, Taiwan, Hong Kong, Coréia do Sul e Paralelo 38, Espanha, Andorra, França, Marrocos, Argélia, Sahara e Mauritânia.

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